O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) determinou, por meio de portaria divulgada nesta quarta-feira (8), a suspensão do tráfego de veículos pesados na rodovia BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). A medida, que já está em vigor, proíbe a circulação de veículos com peso superior a 45 toneladas até junho de 2025.
A decisão revoga uma portaria anterior que havia liberado a passagem de veículos pesados, mas enfrentou questionamentos devido às condições precárias da rodovia e às dificuldades de navegação fluvial enfrentadas na seca histórica que assolou a região em 2024.
Justificativas e contexto
Segundo o Dnit, a retomada da proibição está embasada em três fatores principais:
- Aumento do nível dos rios do Amazonas, o que restabelece a normalidade da navegação fluvial, principal alternativa para o transporte de cargas na região;
- Problemas estruturais da BR-319, que conta com pontes provisórias de madeira incapazes de suportar mais de 36 toneladas;
- Período chuvoso, que compromete a trafegabilidade e representa risco à segurança de usuários devido às condições precárias da estrada;
A portaria também destaca que o descumprimento da medida pode resultar em multas e a responsabilização dos infratores por danos ao patrimônio público. Em casos de pane ou travessia imprópria, o custo da remoção dos veículos será arcado pelo próprio usuário.
Histórico de medidas restritivas
Essa não é a primeira vez que a BR-319 enfrenta restrições. Em setembro de 2024, durante o ápice da seca, o Dnit havia flexibilizado as limitações para veículos pesados, permitindo o tráfego entre 8h e 18h. Na época, a superintendência do órgão no Amazonas argumentou que a estiagem severa dificultava a navegação no rio Madeira, obrigando o uso da rodovia como alternativa.
A decisão de então foi alvo de críticas de políticos e especialistas em infraestrutura, que alertaram para os riscos do aumento do tráfego em uma estrada notoriamente conhecida por suas limitações e falta de manutenção adequada.
Impactos e reações
A suspensão do tráfego de veículos pesados na BR-319 traz impactos diretos para setores que dependem do transporte rodoviário, especialmente para o agronegócio e a indústria, que utilizam a rodovia como rota de escoamento de produtos. Por outro lado, a medida é vista como necessária para evitar danos mais graves à infraestrutura da estrada e reduzir riscos aos usuários.
O futuro da BR-319
A BR-319 é considerada estratégica para a integração da Amazônia ao restante do Brasil. Contudo, a rodovia enfrenta desafios históricos de manutenção e modernização. O trecho central, conhecido como “meião”, é especialmente problemático, sendo frequentemente interditado durante a estação chuvosa devido à falta de pavimentação e estruturas adequadas.
Enquanto a navegação fluvial segue como principal alternativa de transporte, especialistas defendem que investimentos consistentes na BR-319 são imprescindíveis. “A rodovia precisa deixar de ser um gargalo logístico e passar a ser uma solução. Isso só será possível com um plano de longo prazo que contemple manutenção regular, modernização e respeito às peculiaridades ambientais da região”, afirmou o engenheiro de transportes José Augusto Pereira.
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Foto: Marcio Insensee e Sá/Medium
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