Em um movimento que reforça o clima de tensão política na região, a Venezuela fechou nesta sexta-feira (10) sua fronteira com o Brasil, no dia da posse de Nicolás Maduro para mais um mandato como presidente. A passagem terrestre, localizada em Pacaraima, Roraima, está interditada por decisão unilateral do governo venezuelano, e a medida deve durar até segunda-feira (13), segundo o Itamaraty.
Militares venezuelanos posicionaram barreiras físicas, como cones, para impedir o tráfego de veículos no ponto de controle da fronteira. A operação ocorre de forma semelhante a ações anteriores do governo de Maduro, como em junho de 2024, quando a fronteira foi fechada dias antes das eleições presidenciais no país.
Em nota, o Ministério da Justiça brasileiro afirmou que o fechamento foi uma decisão “independente” da Venezuela e que a situação em Pacaraima segue sob controle. A Polícia Militar de Roraima informou que o fluxo migratório diminuiu, mas sem causar impactos significativos na cidade.
“Em situações similares, a Venezuela historicamente impõe restrições temporárias ao trânsito na fronteira em Pacaraima, especialmente em momentos politicamente sensíveis”, destacou a PM.
A medida ocorre em um momento de fragilidade nas relações diplomáticas entre os dois países. O governo brasileiro, até o momento, não reconheceu formalmente a vitória de Maduro nem a da oposição, o que evidenciou uma posição de neutralidade que desagrada a Caracas.
Ainda assim, a embaixadora brasileira na Venezuela, designada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou da cerimônia de posse, indicando uma tentativa de manutenção do diálogo.
Analistas apontam que o fechamento da fronteira pode ser interpretado como uma mensagem política de Maduro, em meio a críticas internacionais sobre a legitimidade do processo eleitoral venezuelano e o agravamento da crise migratória na região.
Impactos locais e regionais
Pacaraima, porta de entrada para milhares de migrantes venezuelanos que fogem da crise econômica e humanitária no país, é um termômetro da relação bilateral. O fechamento temporário pode trazer alívio logístico para as autoridades locais, que enfrentam dificuldades para lidar com o fluxo constante de migrantes, mas também aumenta a incerteza para os venezuelanos que dependem do acesso ao Brasil para buscar refúgio ou sustento.
Organizações humanitárias manifestaram preocupação com os efeitos da medida sobre os migrantes que se encontram em situação de vulnerabilidade na fronteira.
Histórico de fechamentos
Este não é o primeiro episódio de fechamento da fronteira em Pacaraima. Em 2019, durante a crise política que culminou com o reconhecimento internacional de Juan Guaidó como presidente interino, o governo venezuelano também interrompeu o trânsito na região, em uma tentativa de conter a entrada de ajuda humanitária promovida por países como os Estados Unidos e o Brasil.
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Foto: Divulgação / PMRR
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