A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) solicitou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a concessão de indulto humanitário a uma mulher indígena da etnia Kokama, de 29 anos, condenada por homicídio em 2018 e vítima de estupros cometidos por policiais militares e um guarda municipal enquanto cumpria pena na delegacia de Santo Antônio do Içá, interior do Amazonas. O pedido foi protocolado pelo defensor público-geral, Rafael Barbosa, e pelo coordenador do Núcleo de Atendimento Prisional (NAP), Theo Costa.
A indígena passou mais de nove meses detida em uma cela mista da delegacia, onde sofreu tortura, agressões físicas e estupros coletivos, além de ser obrigada a realizar trabalhos externos em condições degradantes, mesmo com um bebê recém-nascido ao seu lado. Atualmente, cumpre medida em regime de semiliberdade, determinada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), em um abrigo para mulheres vítimas de violência, com direito a saídas supervisionadas para tratamento médico e psicológico.
Segundo a Defensoria, os abusos resultaram em graves sequelas físicas e emocionais, incluindo transtorno de estresse pós-traumático e a necessidade de cirurgia. No documento enviado à Presidência, os defensores afirmam que “os crimes hediondos cometidos pelo Estado contra uma mulher indígena retiraram não apenas o poder moral de punir, mas também o poder legal”.
O caso, considerado de extrema violação de direitos humanos, levou o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) a denunciar cinco policiais militares e um guarda municipal, com laudos médicos confirmando as violências sofridas. Cinco dos acusados já foram presos, e um segue foragido. A Justiça também reconheceu que a delegacia não tinha estrutura adequada para mulheres.
A prisão da indígena ocorreu em novembro de 2022, quando ela procurou a polícia para denunciar violência doméstica. No entanto, ao ser conduzida à delegacia, foi constatado um mandado de prisão em aberto relacionado ao homicídio de 2018. Sem cela feminina, foi mantida com presos homens, onde ocorreram os crimes. A Defensoria só tomou conhecimento da situação em agosto de 2023, após sua transferência para Manaus.
A DPE-AM defende que o tempo em que a indígena permaneceu na delegacia em condições degradantes superou em muito a pena aplicada pela Justiça. O Ministério dos Povos Indígenas foi acionado e deve emitir parecer sobre o pedido de indulto, que agora aguarda análise da Presidência da República.
➡️Mais notícias sobre Segurança, você encontra aqui.
📲Acompanhe o Igarapé News nas redes sociais.
(Foto: MPAM / Divulgação)


ÚLTIMAS NOTÍCIAS
STJ deve julgar pedido de liberdade de réus do caso Djidja em dezembro
Temporada de cruzeiros 2025 no Amazonas começa com chegada de navio com mais de mil turistas
Justiça autoriza prisão domiciliar para “Dama do Tráfico” no Amazonas
Professores encerram greve após oito dias em Manaus, mas categoria segue em estado de alerta
Quatro toneladas de drogas são incineradas em Manaus após apreensões ao longo de 2025
Roda-gigante turística será inaugurada na Ponta Negra, em Manaus, durante programação de Natal