Câmara de Manaus aprova reforma da Previdência em 2º turno durante greve de professores da rede municipal

Câmara de Manaus aprova reforma da Previdência em 2º turno durante greve de professores da rede municipal

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou, na tarde desta segunda-feira (17), em segundo turno, o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 8/2025, que trata da reforma da previdência dos servidores públicos do município. O texto segue agora para sanção do prefeito David Almeida (Avante) e deve alterar significativamente as regras de aposentadoria para os servidores que ingressaram no serviço público municipal a partir de 31 de dezembro de 2003.

A votação ocorreu em clima de tensão, marcada pela greve dos professores da rede municipal de ensino, deflagrada na última quinta-feira (13). Os educadores protestam contra o projeto, que chamam de “PL da Morte”, alegando perda de direitos e insegurança previdenciária para a categoria. Mesmo com manifestações contrárias, a maioria dos parlamentares aprovou a proposta.

A nova legislação estabelece idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, com exigência mínima de 25 anos de contribuição. Para professores, haverá regras diferenciadas: homens deverão ter 30 anos de efetivo exercício no serviço público, enquanto mulheres precisarão de 25 anos. O cálculo da aposentadoria será de 70% da média de todas as contribuições, com acréscimo de 2% a cada ano que exceder o tempo mínimo exigido.

A proposta inclui ainda regras de transição para servidores ativos, com mecanismos como sistema de pontuação (soma da idade com o tempo de contribuição), pedágio de 100% sobre o tempo restante para aposentadoria e manutenção de direitos adquiridos para quem ingressou antes de 2003.

O texto também mantém o abono de permanência para servidores que optarem por continuar trabalhando mesmo após preencherem os requisitos para aposentadoria. No caso de pensões por morte, será aplicado um modelo de cotas: 70% para o núcleo familiar, acrescido de 10% por dependente, até o limite de 100%, respeitando o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

Durante a votação, parlamentares da oposição denunciaram a falta de transparência no processo. Um dos principais pontos de crítica foi o não uso do painel eletrônico para a exibição dos votos, o que, segundo os vereadores, compromete a publicidade do processo legislativo. Os parlamentares Zé Ricardo (PT), Rodrigo Guedes (Progressistas), Amauri Gomes (União Brasil), Coronel Rosses (PL) e Capitão Carpê (Republicanos) foram alguns dos que se manifestaram de forma contundente contra o trâmite adotado.

Dos 38 vereadores presentes à sessão, 10 votaram contra a proposta, e três parlamentares estiveram ausentes. Entre os ausentes está o vereador Rosinaldo Bual (Agir), preso preventivamente sob suspeita de participação em um esquema de “rachadinha” em seu gabinete.

A proposta recebeu 12 emendas, das quais apenas cinco foram aprovadas pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). De acordo com a Prefeitura de Manaus e a autarquia Manaus Previdência (Manausprev), a reforma é essencial para evitar um colapso financeiro no regime próprio de previdência, que pode acumular um déficit de até R$ 938 milhões até 2038, caso não haja mudanças estruturais.

A aprovação do PLC ocorre em um momento de grande sensibilidade política e social, principalmente em razão da mobilização dos professores, que alegam que a medida trará impactos negativos à categoria, especialmente no que diz respeito à aposentadoria especial. A continuidade da greve e possíveis judicializações não estão descartadas pelas entidades sindicais.

(Foto: Reprodução YouTube)

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