A técnica de enfermagem Raiza Bentes, que participou do atendimento ao menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, prestou depoimento às autoridades afirmando que seguiu rigorosamente a prescrição médica ao aplicar uma dose de adrenalina na criança. O caso, que resultou na morte do paciente, está sob investigação da Polícia Civil do Amazonas e do Ministério Público do Estado (MP-AM).
Benício morreu na madrugada do domingo (24), após ser medicado entre a noite de sábado (23) e as primeiras horas do dia seguinte, em um hospital particular de Manaus. Segundo a técnica, a administração intravenosa da adrenalina sem diluição foi feita conforme instruções da médica responsável, Juliana Brasil Santos.
“Eu administrei a medicação conforme a prescrição médica. Não tive auxílio, estava sozinha. A mãe questionou a via de administração, mas estava prescrito intravenoso”, declarou Raiza em depoimento. Ela também afirmou que apresentou o documento da prescrição à mãe da criança antes de iniciar o procedimento.
Ainda de acordo com a profissional, a prescrição médica previa três doses da substância, com intervalos de 30 minutos. No entanto, apenas uma dose foi aplicada. Minutos após a administração, o menino ficou pálido, reclamou de dor no peito e passou a ter dificuldade respiratória. Raiza contou que acionou a médica, que teria orientado a “aguardar”.
“Ainda que a médica tivesse chegado comigo e falado que queria fazer nebulização, eu não posso fazer o que não está prescrito”, disse Raiza, ao destacar que tem apenas sete meses de formação como técnica de enfermagem e não pode realizar procedimentos sem prescrição formal.
A própria médica, Juliana Brasil Santos, reconheceu o erro na prescrição. A informação foi registrada na evolução médica e também consta no relatório do hospital entregue à Polícia Civil. A profissional é investigada por homicídio doloso qualificado, segundo o delegado responsável, Marcelo Martins, mas responderá em liberdade, após obter habeas corpus preventivo.
A defesa da médica nega a acusação e afirma que ela teria prestado atendimento imediato após a reação adversa, inclusive solicitando um antídoto. No entanto, médicos ouvidos durante o inquérito informaram que não há substância capaz de reverter os efeitos de uma overdose de adrenalina, sendo possível apenas oferecer suporte clínico.
Entenda o caso
Benício Xavier deu entrada no hospital com sintomas de tosse seca e suspeita de laringite. De acordo com o pai, Bruno Freitas, a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três aplicações de adrenalina intravenosa, com 3 ml a cada 30 minutos.
A família afirmou que questionou o uso do medicamento por via intravenosa, já que, em outras ocasiões, a criança havia feito uso da substância apenas por nebulização. “Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai.
Após a reação, Benício foi levado à sala vermelha. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica assumiu o monitoramento cardíaco. Em seguida, a equipe solicitou leito de UTI, e a transferência foi feita no início da noite.
Na Unidade de Terapia Intensiva, o quadro clínico se agravou. Por volta das 23h, a criança foi intubada, momento em que sofreu as primeiras paradas cardíacas. Houve sangramento durante o procedimento, provocado por vômito. O estado de saúde se manteve instável, com quedas na oxigenação, até que, por volta das 2h55 do domingo (24), a equipe médica confirmou o óbito.
(Foto: Lucas Macedo/g1 Amazonas)
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