Produtores rurais dos municípios de Tefé, Uarini, Maraã e Alvarães, no interior do Amazonas, estão contando com melhores condições para ampliar e modernizar a produção da tradicional farinha Uarini, também conhecida como “farinha ovinha”. A melhoria é resultado de uma parceria entre o Instituto Mamirauá e agricultores da região, que receberam apoio técnico e novas estruturas equipadas com tecnologia adaptada ao processamento do alimento, base da alimentação de milhares de famílias amazônidas.
A iniciativa contemplou a instalação de quatro casas de farinha nas comunidades, todas equipadas com fornos ecológicos, chaminés, equipamentos modernos e instalações sanitárias adequadas, visando não apenas aumentar a produtividade, mas garantir melhores condições de trabalho, higiene e eficiência no processamento da mandioca.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), o estado possui mais de 70 mil agricultores familiares que se dedicam à produção de farinha em diferentes regiões, sendo a farinha Uarini uma das mais emblemáticas e valorizadas pelo seu sabor e qualidade. O produto carrega um valor simbólico e cultural para a população local e também representa fonte de renda principal para muitas famílias.
“Hoje eu vivo da farinha, criei meus filhos e estou criando meus netos através da farinha”, declarou o agricultor Raimundo Nonato, um dos beneficiados com a nova estrutura. A fala representa a relevância econômica e social da produção para comunidades ribeirinhas do Médio Solimões.
Indicação geográfica e regras de produção
A farinha Uarini possui Indicação Geográfica (IG) reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o que significa que só pode ser produzida com essa denominação por agricultores situados nos municípios de Tefé, Uarini, Alvarães e Maraã. Além da delimitação territorial, os produtores devem seguir critérios específicos que preservam o modo tradicional de preparo, garantindo autenticidade e qualidade ao produto.
Lorena Pontes, analista do Instituto Mamirauá, reforça que além de estar na área geográfica reconhecida, o produtor precisa dominar os conhecimentos tradicionais do processo. “Tem muito a ver com saber fazer essa farinha. Tem uma regra aí, mas quem está dentro desses territórios pode ser considerado um produtor de farinha Uarini”, explicou.
A farinha “ovinha” se destaca por seu formato granulado e crocante, com sabor característico e alta durabilidade. A técnica de preparo envolve processos como a raspagem, prensagem e torrefação da mandioca, que passam de geração em geração. As casas de farinha modernizadas mantêm essa tradição, ao mesmo tempo em que tornam o processo mais seguro, higiênico e produtivo.
Parceria para o fortalecimento da produção sustentável
A atuação do Instituto Mamirauá na região visa não apenas a valorização de produtos tradicionais como a farinha Uarini, mas também o fortalecimento da agricultura familiar sustentável. A introdução de fornos ecológicos, por exemplo, contribui para reduzir o consumo de lenha e minimizar impactos ambientais, além de melhorar as condições de trabalho dos agricultores.
Além do apoio técnico, os produtores também passam a ter melhores condições para acessar mercados, conquistar certificações e fortalecer cadeias produtivas locais. A expectativa é que as comunidades consigam aumentar a renda familiar e ampliar a comercialização do produto tanto em feiras regionais quanto em circuitos comerciais fora do Amazonas.
A farinha Uarini é considerada um dos produtos mais representativos da identidade alimentar amazônica. Seu reconhecimento como produto de origem fortalece a cultura local e abre caminhos para políticas públicas voltadas à valorização da produção tradicional em bases sustentáveis.
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(Foto de capa: Reprodução)
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