Consideradas eussociais (nível mais alto de organização social) entre os insetos e bioindicadoras de impactos ambientais, as formigas foram as protagonistas de uma pesquisa científica, que analisou como as características das ilhas fluviais do Arquipélago de Anavilhanas, em Novo Airão (distante 115 quilômetros de Manaus), podem afetar a distribuição desses insetos.
O estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), investigou se o alagamento e o isolamento das ilhas atuam como filtros na comunidade de formigas aladas (com asas).
Desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), sob a coordenação da doutora em Ciências Biológicas e Entomologia, Itanna Oliveira Fernandes, o estudo intitulado “Ilhadas, porém aladas: dinâmica de dispersão das formigas no Arquipélago de Anavilhanas” recebeu fomento do Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência, edital 001/2021, da Fapeam.
Segundo a pesquisadora, entender a dinâmica de dispersão (separação) das formigas é importante e reforça ainda mais a relevância do Parque Nacional de Anavilhanas em proteger parte importante da biodiversidade Amazônica. Em relação as comunidades de formigas, a composição taxonômica das espécies encontradas nas ilhas é distinta das encontradas nas margens (terra firme), entretanto, a composição das espécies presentes são similares.
“Esse resultado mostra que a distância entre as ilhas não é um fator que determina a mudança na composição das espécies presentes nas ilhas. Também é possível observar que existe uma tendência da composição mudar em relação ao tempo, muito provavelmente devido ao pulso de inundação e perda de habitat em solo, devido a subida do nível do rio”, revelou Itanna Fernandes.
O grupo de estudo coletou mais de 2,3 mil formigas pertencentes a oito subfamílias de Formicidae, nessas subfamílias foram encontrados 49 gêneros e 136 espécies de formigas, dentre elas, algumas cultivadoras de fungos (Myrmicinae).
A cientista explica que as formigas durante o período reprodutivo, costumam possuir asas (tanto as rainhas, quanto os machos), portanto, possuem capacidade de dispersão devido aos voos nupciais, sendo este um fator determinante para entender a dinâmica de dispersão das formigas entre as Ilhas de Anavilhanas.
O estudo ocorreu em ilhas fluviais e florestas de terra firme durante o período de vazante e cheia, com um raio de 10 km de área de amostragem. Ao todo foram 10 sítios, sendo 8 em ilhas e dois em florestas de terra firme (margens direita e esquerda do rio). Em cada ponto amostral foram dispostas armadilha de interceptação de voo, e dez amostras de serrapilheira ao longo de 500 metros foram coletadas em cada sítio amostral.
A cheia do Rio Negro foi um dos fatores determinantes em relação à diversidade das formigas, pois muitas dessas formigas constroem seus ninhos em solo, e acabam por perdê-los anualmente devido a subida do rio.
“Ao observar essa dinâmica, percebemos que algumas dessas espécies se deslocavam em direção às copas das árvores. Isso também demonstra uma plasticidade quanto à pressão ambiental e sua adaptação ao novo ambiente arbóreo. Porém, devido à baixa diversidade, acreditamos que nem todas as espécies possuem sucesso nessa nova busca por um habitat, principalmente, as que possuem o hábito de nidificação em solo”, explicou a pesquisadora Itanna Fernandes.
Fomento à pesquisa
Para o futuro, a expectativa é de continuidade da pesquisa e padronização dos dados que serão utilizados em análises estatísticas voltadas para dados ecológicos e também filogenéticos.
“O apoio da Fapeam foi essencial para várias atividades e nos possibilitou entender como o pulso da inundação atuava na dinâmica de dispersão e composição da comunidade das formigas no Arquipélago de Anavilhanas. Com os nossos resultados, uma série de novas perguntas surgiram e um novo projeto foi submetido a editais na fundação, além dos dados funcionais, os dados genéticos das formigas estão sendo obtidos por uma bolsista com apoio da Fapeam”, finalizou.
Programa Amazônidas
Lançado em 2021, o Programa Amazônidas– Mulheres e Meninas na Ciência tem o objetivo de estimular o aumento da representatividade feminina no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação local, por meio da concessão de auxilio-pesquisa para despesas de capital, custeio e bolsas.
Com investimento de R$ 25.692.942,25, o Movimento Mulheres e Meninas na Ciência de 2021 a 2025, já lançou 12 editais públicos e inéditos exclusivos para cientistas mulheres, que atuam em instituições de ensino pesquisa na capital e no interior do Amazonas. Ao todo, 10.595 pesquisadoras foram contempladas em editais da Fapeam de 2019 a 2024.
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(Foto: Ayrton Lopes/Fapeam)
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