Em uma coletiva de imprensa marcada pela tensão diplomática, o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, pediu nesta quinta-feira (20) que a Ucrânia interrompa os “insultos” dirigidos ao presidente Donald Trump. A declaração ocorre em meio a uma guerra verbal crescente entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, desde que Washington iniciou negociações com a Rússia na Arábia Saudita visando um possível acordo de paz.
Waltz criticou abertamente a postura de Kiev, classificando a retórica de Zelensky como “inaceitável”. “O presidente Trump obviamente está muito frustrado neste momento com o mandatário Zelensky pelo fato de que ele não tenha vindo à mesa de negociações e não tenha aproveitado a oportunidade que oferecemos”, afirmou o assessor na Casa Branca, ao completar o primeiro mês do republicano no cargo.
Acordo de minerais: ponto central do conflito
O atrito entre os dois líderes foi intensificado após Zelensky rejeitar um acordo que daria aos Estados Unidos acesso a grandes reservas de recursos naturais ucranianos. Em troca, a Ucrânia receberia ajuda militar americana para combater a invasão russa, que já se arrasta há quase três anos.
Em resposta à negativa ucraniana, Trump rotulou Zelensky como “ditador sem eleições”, aumentando o tom da crise diplomática. O presidente ucraniano, por sua vez, rebateu ao afirmar que Trump vive em uma bolha de “desinformação” russa. A troca de farpas reflete o atual distanciamento entre Washington e Kiev, tradicionalmente aliados.
Negociações e pressão americana
A visita do enviado especial de Trump, Keith Kellogg, a Kiev nesta quinta-feira foi vista como uma tentativa de reduzir as tensões. No entanto, o encontro não parece ter gerado avanços significativos. Waltz reforçou a importância do acordo sobre minerais, chamando-o de “oportunidade histórica para que os Estados Unidos co-invistam com a Ucrânia”.
O assessor, contudo, evitou responsabilizar diretamente a Rússia pela guerra, o que causou surpresa entre os aliados ocidentais. Questionado sobre sua visão a respeito do presidente russo, Vladimir Putin, Waltz também não o classificou como ditador.
Aliados reagem com ceticismo
As declarações de Trump de que a Ucrânia “iniciou” a guerra chocaram parceiros estratégicos dos Estados Unidos. Apesar disso, a Casa Branca mantém o discurso de que há “muito engajamento e diálogo” com Kiev e aliados europeus.
Ao finalizar a coletiva, Waltz destacou que os interesses de Washington e Moscou estão “alinhados para interromper a guerra”. Segundo ele, o governo Trump pretende avançar rapidamente para um cessar-fogo, seguido de discussões sobre relações geoestratégicas mais amplas.
A postura da administração Trump, especialmente ao evitar condenar Moscou e pressionar a Ucrânia, levanta dúvidas sobre o futuro da aliança ocidental e o impacto nas negociações de paz.
📲 Acompanhe o Igarapé News nas redes sociais.
Foto: Attila KISBENEDEK / CHARLY TRIBALLEAU – AFP
➡️ Mais notícias Internacionais, você encontra aqui.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Abril Indígena Valer: Duhigó, Paulo Dessana e Ytanajé são os convidados da Roda de Conversa, neste sábado (19)
Em vistoria, Roberto Cidade cobra de DNIT ação efetiva para recuperação do Porto de Borba, que foi destruído por balsa de soja
Adesão à energia solar no Amazonas aumenta em 528%, aponta Aneel
Com nova parabólica digital gratuita, celebrações da Páscoa ganham mais qualidade de som e imagem
No Médio Solimões, Tadeu de Souza abre jogos indígenas e reforça compromisso com povos originários
A voz que rompe o silêncio: um ano da Ouvidoria da Mulher do TCE-AM