Um vídeo divulgado nas redes sociais pelo ex-presidente boliviano Evo Morales elevou as tensões políticas e gerou uma onda de reações dentro e fora do país. Nas imagens, Morales mostra marcas de tiros no veículo em que viajava, além do motorista gravemente ferido. Morales afirmou que o atentado foi uma tentativa de prendê-lo, enquanto o governo boliviano nega ter realizado qualquer operação contra o líder oposicionista.
O incidente ocorreu em meio à crescente agitação social, com bloqueios de estradas e manifestações de apoio ao ex-presidente. “Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se”, gritou Morales no vídeo enquanto o motorista, ferido na cabeça e no peito, tentava manter o controle do veículo. Segundo a rádio Kawsachun Coca, pelo menos 14 tiros foram disparados contra o carro, e uma das balas teria passado “a centímetros” da cabeça de Morales.
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Tensão política e denúncias de conspiração
Após o ocorrido, Morales, em uma entrevista à rádio, declarou que foi interceptado na estrada por dois veículos que começaram a disparar contra o carro. “Não sei se eram soldados ou policiais”, afirmou, sugerindo que o ataque pudesse ter sido coordenado por forças oficiais. Morales, que lidera a oposição e mantém um forte apoio entre agricultores e movimentos sociais, enfrenta acusações de abuso de menor, em um caso supostamente ocorrido durante seu mandato em 2015.
Por conta dessas acusações, que Morales chama de “perseguição política”, grupos de agricultores, especialmente na região do Chapare, começaram a bloquear estradas em protesto contra o que consideram um ataque ao líder indígena. As estradas bloqueadas por seus apoiadores tornaram-se um ponto crítico para o governo do presidente Luis Arce, que busca amenizar os conflitos e evitar uma crise política mais grave.
Governo nega operação contra Morales
Em resposta ao vídeo e às acusações de Morales, o vice-ministro da Segurança, Roberto Rios, afirmou que “não houve operação do governo contra o ex-presidente”. Rios garantiu que o Estado boliviano é responsável pela segurança de todos os cidadãos, incluindo figuras políticas de oposição, e que uma investigação será realizada. “Como autoridades responsáveis pela segurança do Estado, somos obrigados a investigar qualquer relato, seja ele verdadeiro ou falso”, completou.
Conflitos agravados e desafios ao governo de Arce
O presidente Luis Arce, que já enfrenta uma pressão crescente devido a dificuldades econômicas e à alta inflação no país, vem tentando mediar o conflito. No entanto, a divisão entre governo e oposição se intensificou com a suspeita de perseguição política contra Morales, enfraquecendo a unidade nacional. Arce, considerado um sucessor político de Morales, tem encontrado dificuldades para administrar a base social de apoio ao ex-presidente, que frequentemente mobiliza grandes contingentes em sua defesa.
O bloqueio de estradas por agricultores, que veem em Morales um defensor de suas causas, tem causado interrupções no abastecimento de cidades e amplificado a crise econômica, aumentando o descontentamento entre a população. Autoridades de várias regiões alertam para o impacto dos bloqueios sobre a produção agrícola e o comércio interno, fundamentais para a economia boliviana.
Futuro incerto e riscos de agitação social
O ataque denunciado por Morales coloca o país diante de uma encruzilhada. Com um clima de polarização extrema, há temores de que o conflito se intensifique, com a possibilidade de novos episódios de violência. Morales, que mantém uma base leal, poderá explorar o incidente para galvanizar seus apoiadores, enquanto o governo de Arce tenta evitar uma crise de governabilidade que comprometa ainda mais a estabilidade nacional.
A Bolívia, que historicamente tem sido palco de agitações sociais, vive um momento crítico onde questões de segurança, justiça e liberdade política estão sendo debatidas intensamente. Com os próximos dias prometendo novos protestos e reações, a atenção da comunidade internacional está voltada para a Bolívia, na expectativa de que o diálogo e a paz prevaleçam em um contexto de profundas divisões políticas.
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Foto: Fernando Cartagena / AFP
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