Ex-campeão do UFC, Conor McGregor é condenado por agressão sexual em tribunal civil

Em uma decisão que abalou o mundo das artes marciais e a mídia internacional, o ex-campeão do UFC, Conor McGregor, foi condenado em um processo civil por agressão sexual. O veredito foi emitido na sexta-feira (22) pelo tribunal de Dublin, após um longo julgamento que durou duas semanas. A mulher que acusou McGregor, Nikita Hand, foi concedida uma indenização no valor de 250 mil euros (aproximadamente R$ 1,5 milhão), a ser paga pelo lutador.

A acusação de agressão sexual remonta a 9 de dezembro de 2018, quando McGregor e James Lawrence, amigo do lutador, foram acusados de abusar sexualmente de Hand após uma festa de Natal. A sentença, proferida em tribunal civil, não resultará em uma condenação criminal, mas McGregor deverá arcar com os custos financeiros relacionados ao caso.

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O caso judicial

O tribunal de Dublin ouviu as alegações de ambas as partes ao longo de uma maratona de duas semanas. A acusação foi acompanhada por relatos de testemunhas que corroboraram as alegações de Nikita Hand. Entre elas, destaca-se a paramédica Eithne Scully, que afirmou ter atendido a vítima no local do incidente e descreveu a gravidade dos ferimentos. Scully relatou que Hand estava visivelmente machucada, com hematomas tão intensos que ela declarou nunca ter visto algo semelhante em sua carreira.

O advogado de Hand, John Gordon, detalhou as circunstâncias do ocorrido. Segundo ele, McGregor teria buscado a mulher e uma amiga após a festa, onde Hand havia consumido álcool e cocaína. Depois de ser levada à cobertura de um hotel por McGregor e Lawrence, Hand alegou que se recusou a ter relações sexuais com o lutador, mas foi forçada a isso, sendo imobilizada e mantida contra sua vontade.

Defesa de McGregor

Por outro lado, Conor McGregor e James Lawrence negaram todas as acusações. De acordo com a defesa do ex-campeão do UFC, a relação entre McGregor e Nikita Hand foi consensual. Os advogados do lutador também refutaram a alegação de que a mulher teria sofrido qualquer tipo de agressão física, como evidenciado pelos hematomas descritos pela paramédica.

Carreira de McGregor

Conhecido por sua personalidade explosiva e conquistas notáveis dentro do octógono, Conor McGregor teve um dos maiores auges da história do UFC. Em 2015, ele conquistou o cinturão dos pesos-penas ao derrotar o brasileiro José Aldo, encerrando um reinado de cinco anos do lutador. A vitória em Las Vegas se tornou um marco na trajetória do irlandês, que também se aventurou no boxe, enfrentando o lendário Floyd Mayweather em uma superluta que, apesar da grande atenção midiática, terminou em derrota por nocaute no 10º round.

Além de suas façanhas no octógono, McGregor construiu uma grande fortuna, investindo em marcas e produtos próprios. No entanto, o escândalo judicial pode ameaçar sua imagem e impactar negativamente sua carreira pública, refletindo o impacto das acusações sobre figuras de destaque.

O julgamento de Conor McGregor em Dublin se encerra com um veredito claro, mas as implicações deste caso continuam a reverberar tanto no mundo dos esportes quanto nas discussões sobre os direitos das mulheres e a responsabilização pública.

Veja a declaração de Nikita Hand após o veredito.

“Gostaria de começar dizendo que estou impressionada e tocada pelo apoio que recebi de todos.

Primeiro, quero agradecer à equipe jurídica e meus três advogados, John Gordon, Ray Boland e Sean. Eles foram incríveis do começo ao fim. Quero agradecer ao sr. juiz Alexander Owens, ao júri, a todas as testemunhas, quero agradecer aos médicos, enfermeiros e a todos na unidade de tratamento de agressão sexual no Hospital Rotunda por cuidarem de mim, especialmente meu médico Frank Clarke.

Quero agradecer ao Rape Crisis Centre, especialmente Cliona, que esteve ao meu lado durante todo esse período. Quero agradecer a todos os guardas e à equipe da ambulância. Quero agradecer a todas as mulheres e homens que me apoiaram durante todo esse julgamento.

Para cada pessoa que me enviou um cartão, uma carta, um e-mail, tudo, não passou despercebido. Obrigada. Eu realmente aprecio muito isso.

Quero agradecer ao meu parceiro Gary, que tem me apoiado tanto nos últimos quatro anos e tem segurado minha mão durante seu julgamento todos os dias e em todos os outros dias.

Quero agradecer à minha mãe e a toda a minha família e amigos. Por fim, quero agradecer à minha filha Freya, a quem sou muito grata. Ela me deu muita força e coragem nos últimos seis anos durante esse pesadelo para continuar lutando por justiça.

Quero mostrar a Freya e a todos os outros meninos e meninas que vocês podem se defender. Se algo acontecer com vocês, não importa quem seja a pessoa, a justiça será feita. A todas as vítimas de abuso sexual. Espero que minha história seja um lembrete de que, não importa o quanto vocês tenham medo, falem. Vocês têm voz e continuem lutando por justiça.

Sei que isso impactou não só a minha vida, a da minha filha, da minha família e dos meus amigos tremendamente, e é algo que nunca esquecerei pelo resto da minha vida. Mas agora que a justiça foi feita, posso tentar seguir em frente e olhar para o futuro com minha família, amigos e minha filha”.

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Foto: Brian Lawless / PA Images via Getty Images