Jovens indígenas na Amazônia estão se destacando como protagonistas na defesa ambiental, combinando saberes ancestrais com tecnologias modernas para proteger a floresta e sua cultura. Em plataformas como Instagram e em eventos internacionais, essas lideranças mobilizam apoio, lutam por reconhecimento e visam influenciar políticas para o futuro da Amazônia.
Redes Sociais e Ativismo Internacional
Samela Sateré Mawé, ativista da etnia Sateré Mawé, usa as redes sociais para informar sobre direitos indígenas e questões ambientais. Em entrevista, Samela destacou a importância de democratizar a informação para seu povo: “Criamos conteúdos para simplificar e descomplicar notícias sobre leis e políticas que afetam nossos direitos. Queremos que os mais jovens e os mais velhos entendam o que está acontecendo nos nossos territórios e que tenham voz ativa nisso”.
Outra voz ativa é Txai Suruí, liderança do povo Paiter Suruí de Rondônia, que ganhou destaque após participar da COP26 e da COP27. Txai tem usado eventos como a Conferência da ONU sobre Mudança Climática para expor a situação de seu povo e a necessidade de ações globais. “Nós, povos indígenas, estamos aqui para lembrar que proteger a Amazônia é proteger o planeta. Queremos ser protagonistas nas decisões que afetam nossas terras e nosso futuro”.
Saberes Ancestrais em Projetos Sustentáveis
Para além do ativismo digital, jovens indígenas também promovem sustentabilidade em suas comunidades. Na aldeia Juma, no Amazonas, o jovem líder Puré Juma, de 21 anos, coordena iniciativas para combater a pesca e a caça ilegais. Ele descreve sua luta pela visibilidade de seu povo, cuja população foi dizimada. “Nosso povo é resistência. Apesar das tentativas de apagamento, estamos aqui para proteger o que sobrou de nossa cultura e nossa terra”, afirma Puré.
Essas iniciativas também são uma forma de resgatar práticas tradicionais de manejo sustentável. Em aldeias Kayapó no Pará, jovens implementaram projetos de replantio e reflorestamento, baseando-se em práticas indígenas de cultivo diversificado que ajudam a preservar o solo e a biodiversidade local. “Tudo o que fazemos é para garantir que a próxima geração tenha a mesma abundância que nossos avós tiveram”, explica um dos líderes do projeto, que busca apoio de ONGs para ampliar o alcance da ação.
Educação e Parcerias para o Futuro
Jovens indígenas estão se engajando em programas educacionais e colaborando com universidades brasileiras para obter formação e transmitir conhecimento tradicional. Taily Terena, do Mato Grosso do Sul, enfatizou a importância de fortalecer o papel dos jovens em eventos globais: “Nosso Fórum da Juventude Indígena sobre Mudanças Climáticas é um espaço para aprendermos e termos mais presença política. Queremos garantir que nossa voz ecoe dos territórios até as discussões internacionais”, afirmou durante o Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas.
Essas ações são apoiadas por organizações como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Conselho Internacional de Tratado dos Índios, que fornecem suporte logístico e de formação. O Ministério dos Povos Indígenas do Brasil também lançou, em 2024, a Comissão Internacional dos Povos Indígenas para preparar a participação indígena na COP30, que será realizada no Brasil em 2025. A comissão visa amplificar a participação indígena em decisões políticas que impactam diretamente seus territórios.
Um Futuro para a Amazônia
Com esses jovens à frente, os povos indígenas da Amazônia estão mais fortes e visíveis no cenário global, lutando para que seu papel de guardiões da floresta seja reconhecido e respeitado. Como destacou Txai Suruí em uma de suas falas: “A Amazônia é nossa casa e nosso coração. Proteger a floresta é uma questão de sobrevivência para nossos povos e para todo o planeta.”
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(Foto de capa: Reprodução Instagram Samela Sateré Mawé – @eduhfreeitas)
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