Após 15 meses de um conflito que deixou marcas profundas na Faixa de Gaza e em Israel, um acordo de cessar-fogo de 42 dias entre Israel e o grupo Hamas foi confirmado nesta quarta-feira (15). A decisão, celebrada por lideranças internacionais, prevê a libertação de reféns e maior acesso humanitário à região. O anúncio foi feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pouco após o presidente eleito Donald Trump antecipar a informação em sua plataforma Truth Social. Trump assumirá novamente a presidência americana em menos de uma semana.
Os termos do acordo
Mediado pelo Catar, Estados Unidos e Egito, o cessar-fogo entrará em vigor no domingo, segundo Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, primeiro-ministro do Catar. A operação inclui a retirada de forças israelenses de áreas densamente povoadas e a libertação inicial de 33 reféns, com prioridade para mulheres, idosos e pessoas doentes. Embora o número exato de prisioneiros palestinos a serem libertados em troca não tenha sido divulgado, fontes indicam que as discussões ainda estão em andamento para acertar os detalhes.
Segundo o governo israelense, o gabinete de segurança e o governo deverão votar o acordo até quinta-feira, um passo necessário para sua implementação. O Hamas também confirmou a negociação, chamando-a de uma “conquista” e exaltando a resistência dos habitantes de Gaza.
Impacto humanitário e cenário pós-guerra
Desde o início da guerra em outubro de 2023, quando ataques do Hamas no sul de Israel mataram cerca de 1,2 mil pessoas e levaram ao sequestro de 251 reféns, o conflito gerou uma tragédia humanitária sem precedentes. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 46,7 mil palestinos, muitos deles mulheres e crianças, perderam a vida. Infraestruturas essenciais foram reduzidas a escombros, deixando a população em condições precárias.
O acordo também permitirá a entrada de centenas de caminhões com suprimentos humanitários diários em Gaza, algo que Biden ressaltou como essencial para aliviar o sofrimento da população. “Estamos comprometidos em apoiar as famílias dos reféns e garantir que a ajuda humanitária chegue àqueles que mais precisam”, afirmou o presidente americano.
Desafios e incertezas
Apesar do anúncio, especialistas apontam que o caminho para uma paz duradoura ainda é incerto. O Hamas, enfraquecido militarmente após a perda de líderes importantes, como Yahya Sinwar, enfrenta dificuldades internas. Do lado israelense, a pressão pública para a libertação de reféns e o receio de uma retomada dos confrontos criam um ambiente politicamente sensível.
Uma entrevista coletiva está programada para esta noite em Doha, onde as negociações ocorreram, para detalhar os próximos passos.
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Foto: BASHAR TALEB / AFP
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