Junto a ministras, lideranças indígenas globais e crianças fazem Balanço Ético sobre o clima rumo à COP30

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As ministras do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, participaram de roda de conversa no último dia do Acampamento Terra Livre (ATL) 2025, em Brasília, e receberam uma carta escrita por crianças indígenas reivindicando união e compromisso pela proteção do clima e do planeta. As crianças indígenas, ou ‘parentinhos’, junto a crianças não-indígenas, marcharam no acampamento entoando cantos pela Amazônia, demarcação e titulação de terras indígenas e soluções climáticas

Lideranças indígenas do Brasil, Bacia Amazônica, Canadá, Austrália e Pacífico também realizaram compartilharam suas análises e expectativas sobre o cumprimento dos compromissos globais assumidos pelos países signatários da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Estas também entregaram uma declaração entre povos indígenas da Amazônia e Pacífico lançada no começo do evento às Ministras.

O encontro reuniu representantes do G9 da Amazônia Indígena, que reúne organizações indígenas de nove países da Bacia Amazônica; da Troika Indígena, aliança firmada entre os povos indígenas do Brasil, Austrália e Pacífico; além de mulheres indígenas do Canadá.

Ministra Marina Silva

“Os povos indígenas de todas as regiões do mundo estão dizendo aqui: há sim para onde retornar. O retorno é revisitar aquilo que ancestralmente esses povos aprenderam a fazer e a conviver com a natureza de forma respeitosa, não como se a Terra fosse um objeto, mas como um corpo vivo. Estamos aqui para agradecer por essas formas de viver, de ser e estar no mundo, e diz que há, sim, para onde retornar.[…] É preciso ter meios e financiamento, não basta assumir compromissos se depois não tem como fazer, não tem tecnologia, recursos financeiros, espaços políticos para tomada de decisões. O modelo de desenvolvimento que temos transformou a natureza em dinheiro e agora que o planeta e a vida estão ameaçados, o que temos que fazer com o dinheiro é usá-lo para restaurar a natureza e preservar o que ainda tem. Precisamos de 1,3 trilhão de dólares por ano para fazer isso, e que esse dinheiro possa ir para aqueles responsáveis por 80% das áreas preservadas do mundo”.

Ministra Sonia Guajajara

“É exatamente nesse espaço do Acampamento Terra Livre que a gente já conseguiu várias conquistas, vários avanços, inclusive de participação indígena em diversos espaços. Então, saúdo aqui a iniciativa da Coiab por esta mesa de falar da ética global e também de trazer as crianças aqui para apresentar o seu manifesto. Recebo esse manifesto não como ato simbólico, mas como um compromisso que deve ser firmado por todos os tomadores de decisão. Pensar o futuro é agir agora. Então, estar com as crianças hoje escutando é firmar esse compromisso com o futuro das próximas gerações”.

“Nós estamos trabalhando agora para aumentar a participação no credenciamento no espaço oficial para os povos indígenas do Brasil e para os povos indígenas do mundo. Então, esse é um esforço que nós estamos fazendo conjuntamente com a presidência da COP para que a gente tenha esse protagonismo indígena no espaço oficial”.

“Na história das COPs, quando eu falo também já de avanços, é que nós conseguimos ali o compromisso no acordo de Paris, o reconhecimento dos povos indígenas e comunidades tradicionais como conhecedores de conhecimento científico. E esse conhecimento precisa se somar aos demais conhecimentos científicos para que a gente encontre a solução. Então, a solução já está posta. A solução já está anunciada. O que basta agora é esse compromisso ético que a ministra Marina Silva falou aqui e também a vontade política dos tomadores de decisões para que haja o financiamento para a proteção dos territórios indígenas, para a segurança dos indígenas nos seus territórios e para se fazer uma gestão conforme são os modos de vida dos povos indígenas.”

Angela Kaxuyana, representante internacional da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)

“É necessário refletir sobre que justiça e equidade para nós, povos indígenas, estamos tratando. Se nós não tivermos uma participação de negociação na mesa, de autoridade para autoridade, ela nunca será equilibrada e a solidariedade nunca será de fato, porque o Estado nunca é solidário com nossos povos indígenas. “O governo que assume o compromisso de aderir um mecanismo que tem a participação dos povos indígenas, da sociedade, é o mesmo governo que defende a exploração de gás e petróleo”.

Eligio DaCosta, coordenador-geral da Organización Regional de los Pueblos Indígenas del estado Amazonas (ORPIA) – Venezuela

Esses prejuízos que acontecem em escala global também estão chegando até nós. Todas as consequências da emissão de gases estão sendo sentidas e estão causando impactos tanto em nossas comunidades locais quanto globais, afetando profundamente nossas vidas. Se nos esquecermos de nossas atividades tradicionais como povos indígenas, especialmente as atividades econômicas que sustentam nossa identidade, isso seria uma verdadeira catástrofe para nossos povos. Por isso, dizemos que o extrativismo é uma expressão da tragédia global que está ocorrendo no mundo, especialmente na nossa Amazônia. Esse extrativismo predatório, essa forma de explorar os bens naturais, é um reflexo dessa crise global que enfrentamos.

Bianca McNeair, coordenadora de povos indígenas, WWF-Austrália

As soluções para as mudanças climáticas podem ser encontradas em nossas paisagens e também em nossos sistemas de conhecimento. Esses povos têm as ferramentas, conhecimento e práticas para contribuir significativamente no combate às mudanças climáticas. Nós vivemos de forma sustentável na Austrália há mais de 100 mil anos. Os primeiros povos da Austrália foram os que menos contribuíram para as mudanças climáticas, mas o impacto sobre nós é o mais grave.

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