O nível do Rio Negro continua abaixo da média histórica, mesmo com o processo de recuperação iniciado após a pior seca registrada nos últimos 122 anos. Conforme dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgados nesta terça-feira (17), o nível atual do rio em Manaus está em 16,06 metros, ainda distante da normalidade para o período.
Em 2023, o Rio Negro atingiu 12,11 metros, a menor marca desde o início do monitoramento, em 1902. A crise hídrica afetou profundamente a região, alterando a paisagem do Encontro das Águas e obrigando o fechamento da Praia da Ponta Negra. A formação de bancos de areia na orla afastou embarcações do ponto de atracação, impactando o transporte fluvial.
Impactos econômicos e sociais
A estiagem também prejudicou o Polo Industrial de Manaus (PIM). Para contornar a baixa navegabilidade, empresas tiveram que recorrer a um píer flutuante em Itacoatiara, a fim de garantir o transporte de insumos e mercadorias. Em todo o estado, mais de 800 mil pessoas sentiram os efeitos diretos da seca, enfrentando desafios como escassez de água potável e dificuldades logísticas.
Apesar da elevação de 1,65 metros no nível do rio desde o início de dezembro, a subida ainda é considerada insuficiente para atingir os patamares normais. Segundo Andre Martinelli, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus, o ritmo atual está dentro do esperado, mas aquém do necessário para a recuperação completa.
“Ainda estamos abaixo da faixa de normalidade para o período. O Rio Negro e outras bacias, como a do Solimões, apresentam níveis baixos, embora as águas estejam subindo gradualmente”, explicou Martinelli.
Situação em outras bacias
Na Bacia do Rio Solimões, a recuperação segue o mesmo padrão lento observado no Rio Negro. Em Tabatinga, o nível chegou a 6,24 metros; em Itapeua, 5,93 metros; e em Manacapuru, a cota está em 7,15 metros. Já na Bacia do Rio Purus, os níveis estão dentro da normalidade para o mês de dezembro, com Beruri registrando 8,37 metros.
Previsão de chuvas e alertas da Defesa Civil
A Defesa Civil do Amazonas destacou a previsão de aumento no volume de chuvas para o estado, mas alertou que os efeitos da seca podem continuar a retardar a recuperação plena dos rios.
“Embora o período de cheias esteja iniciando, os impactos da estiagem extrema podem ser sentidos por mais tempo, dificultando o retorno à normalidade. A atuação preventiva é essencial para mitigar riscos futuros”, afirmou o órgão.
A Defesa Civil orienta que os planos de contingência dos municípios sejam mantidos atualizados, como parte de uma estratégia para respostas rápidas a desastres climáticos, independentemente da estação.
Recuperação em andamento
Apesar das adversidades, a recuperação lenta do Rio Negro e de outras bacias traz esperança para a normalização gradual dos níveis hídricos na região. A subida registrada em dezembro já permitiu o retorno de navios cargueiros a Manaus, um indicativo de que as condições de navegabilidade estão melhorando.
A expectativa, segundo especialistas, é que o ritmo de elevação das águas se intensifique nos próximos meses, acompanhando o aumento do volume de chuvas na Amazônia.
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(Capa: Rio Negro. Foto: iStock)
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