O treinador de jiu-jitsu Alcenor Alves, de 56 anos, foi preso no último sábado (23), durante um evento esportivo em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ele é suspeito de cometer estupro de vulnerável e exploração sexual contra 12 atletas menores de idade, ao longo de mais de uma década. Este caso chocou a comunidade esportiva e despertou ampla repercussão nacional.
Contexto e perfil do suspeito
Segundo informações da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Alcenor Alves era diretor técnico de uma escola de alto rendimento em Manaus. Ele frequentemente viajava com alunos para competições interestaduais e internacionais, compartilhando imagens e vídeos dos treinos e eventos em suas redes sociais. De acordo com as investigações, o treinador usava sua posição de autoridade para explorar crianças e adolescentes.
As vítimas identificadas
Até o momento, 12 vítimas foram oficialmente identificadas. Segundo a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), todas as vítimas eram meninos, com idades entre 10 e 17 anos, provenientes de projetos sociais voltados para o jiu-jitsu. A maioria delas estava em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
A delegada responsável pelo caso afirmou que o treinador usava métodos como oferecer presentes, intermediar passagens e estadias para campeonatos, além de fornecer equipamentos esportivos, como quimonos, para aliciar as crianças e jovens.
Investigação e evidências
Os crimes teriam ocorrido entre 2011 e 2018, mas materiais encontrados na residência do treinador indicam que as práticas criminosas podem ser mais recentes. Vídeos e fotos coletados pela polícia apontam que os abusos continuaram acontecendo até pouco tempo antes de sua prisão. O material está sendo analisado para identificar novas possíveis vítimas.
Dinâmica dos crimes
De acordo com a polícia, os abusos eram cometidos em viagens para competições e, ocasionalmente, na própria residência do treinador, onde ele dopava as vítimas. Há relatos de que o suspeito praticava atos como masturbação, beijos forçados e sexo oral com as crianças. Uma das vítimas, agora adulta, relatou: “Eu tinha apenas 10 anos e não sabia o que estava acontecendo. Eu chorava, sem entender por que aquilo estava acontecendo comigo”.
Reações e medidas do setor esportivo
A prisão de Alcenor Alves levou a uma série de manifestações de repúdio de federações esportivas e associações ligadas ao jiu-jitsu.
- Federação de Jiu-Jitsu do Amazonas (FJJAM): O presidente Elvys Damasceno anunciou a expulsão do treinador da entidade e solicitou a cassação de sua faixa preta em nível estadual e nacional.
- Federação Amazonense de Jiu-Jitsu Profissional (FAJJPRO): Em nota, a federação repudiou os crimes e afirmou que está colaborando com as autoridades para proteger os atletas.
- Federação Amazonense de Jiu-Jitsu Esportivo (FAJJE): A entidade reforçou seu compromisso com a ética e a segurança dos praticantes, repudiando qualquer tipo de conduta criminosa.
- Associação dos Profissionais de Educação Física do Amazonas (APEFAM): A associação pediu a suspensão imediata do treinador e destacou a importância de denúncias para combater o assédio e a violência.
Até o momento, as confederações brasileiras de jiu-jitsu ainda não emitiram pronunciamentos oficiais sobre o caso.
Desafios e silêncio das vítimas
Os atletas Matheus Gabriel, Ary Farias, Meyram Maquiné e Thalison Vitorino emitiram uma nota conjunta, declarando o motivo do silêncio que perdurou por anos: “Sentimos vergonha e medo de denunciar. Esse silêncio nos acompanhou por muito tempo, mas agora, com mais coragem, decidimos dar um passo à frente”.

A defesa do treinador
A defesa de Alcenor Alves declarou que o processo corre em segredo de Justiça e que ainda não teve acesso aos autos. Em nota, afirmou que se pronunciará após conhecer os detalhes das acusações e provas apresentadas.
O caminho pela frente
As investigações seguem em curso, com a polícia buscando identificar outras possíveis vítimas e ampliar o escopo das denúncias. O caso coloca em destaque a necessidade de reforçar a proteção de crianças e adolescentes no ambiente esportivo, além de encorajar denúncias de abusos para prevenir que tragédias como esta voltem a ocorrer.
Ações concretas podem incluir a implementação de políticas de compliance em organizações esportivas, treinamento obrigatório para técnicos e staff sobre abuso infantil, e criação de canais anônimos de denúncia. Além disso, é essencial promover campanhas educativas para atletas e suas famílias sobre sinais de abuso e formas de buscar ajuda. Essas medidas podem prevenir que tragédias como esta se repitam.
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(Foto de capa: Divulgação)
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