Sheikh Hasina, a primeira-ministra de Bangladesh, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (5), conforme anunciado pelo comando das Forças Armadas, em meio a intensos protestos que resultaram na morte de 300 pessoas.
Numa conferência de imprensa de emergência, o chefe do exército, Waker-uz-Zaman, comunicou a renúncia de Hasina e a formação de um governo interino militar. Zaman apelou aos manifestantes para que se dispersassem e retornassem às suas casas, assegurando aos cidadãos que o exército está comprometido em restaurar a paz.
Zaman prometeu investigar todas as mortes ocorridas durante as semanas de protestos violentos e pediu aos manifestantes que dessem “tempo” ao exército para encontrar uma solução para a crise. Ele também informou que representantes de todos os principais partidos políticos foram convidados a colaborar na formação do governo interino e já estão em discussões com o exército.
Após sua renúncia, Hasina, que governou por 15 anos e era uma das líderes mais influentes da Ásia, deixou o país, segundo informações militares. As Forças Armadas também declararam a formação de um governo interino sob controle militar.
Bangladesh, um dos países mais populosos do sudeste asiático, tem enfrentado manifestações estudantis nas últimas semanas, com 300 mortes registradas. Os manifestantes se opõem ao sistema de cotas que reserva um terço dos empregos públicos para parentes de veteranos da guerra de independência contra o Paquistão, em 1971.
Ainda nesta segunda-feira, milhares de manifestantes invadiram a residência oficial da primeira-ministra em Daca, capital do país. Durante a manhã, houve um bloqueio de internet em todo o território nacional, após um fim de semana de protestos massivos e violentos.
O aeroporto internacional de Daca foi fechado, com previsão de reabertura somente no final da tarde, conforme comunicado pelas Forças Armadas.
De acordo com a emissora local CNN News 18, Hasina fugiu para Agartala, no nordeste da Índia, onde o governo indiano deve oferecer proteção à ex-primeira-ministra.
A política de cotas, abolida em 2018, foi restabelecida em junho deste ano, causando descontentamento. Em janeiro, protestos já haviam ocorrido após a reeleição de Hasina em um pleito contestado pela oposição devido a alegações de fraude.
Os protestos, inicialmente pacíficos e liderados por estudantes, tornaram-se violentos com confrontos entre a polícia e grupos pró-governo. Analistas também destacam as difíceis condições econômicas do país, como alta inflação, aumento do desemprego e redução das reservas de divisas condições econômicas do país, como alta inflação, aumento do desemprego e redução das reservas de divisas.
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