Um homem, ainda não identificado, foi encontrado morto na noite desta segunda-feira (28) no bairro Zumbi dos Palmares, na zona leste de Manaus, em circunstâncias que levantam suspeitas de uma execução com um propósito vingativo. A vítima foi assassinada com múltiplos tiros na cabeça, além de ter sido torturada antes do crime. Ao lado do corpo, os criminosos deixaram um bilhete com a frase: “Morri porque estuprei minha irmã”, que sugere uma possível motivação brutal para o ato.
Segundo informações do delegado Gerson Oliveira, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), a vítima era moradora do bairro e já era conhecida na comunidade. A perícia realizada pelo Departamento Técnico-Científico revelou indícios de tortura, incluindo ferimentos por pauladas nas costas e nos braços, antes dos disparos fatais. Cápsulas de munição de calibre 9mm foram encontradas próximas ao corpo, sendo compatíveis com os tiros que atingiram a cabeça da vítima.
Execução brutal com sinais de tortura
Para o delegado Gerson Oliveira, a violência extrema do caso indica que o crime pode ter sido motivado por um desejo de vingança pessoal ou ajuste de contas. “Este não é um homicídio comum. A vítima sofreu várias agressões, além dos tiros, o que aponta para um grau de brutalidade excessivo, possivelmente para reforçar uma mensagem”, relatou o delegado. Segundo ele, as lesões evidenciam que a vítima passou por sofrimento físico antes de ser morta, fato que os peritos destacam como um sinal de que o homicídio foi premeditado.
O bilhete deixado pelos criminosos ao lado do corpo reforça essa linha de investigação. De acordo com especialistas em segurança pública, esses tipos de mensagens são comumente associados a ações de facções criminosas, que utilizam a violência e a exposição pública para passar uma mensagem à comunidade, seja como forma de intimidação, seja para “justificar” a execução da vítima.
Moradores do bairro Zumbi dos Palmares relataram que ouviram disparos na noite de segunda-feira e logo após perceberam movimentações suspeitas, o que gerou alarme entre os vizinhos. “A gente já vive em alerta, mas com um caso desses, ficamos ainda mais assustados”, afirmou um dos residentes, que preferiu não ser identificado.
Investigações e o papel das facções
O histórico do homem, sua relação com o bairro e possíveis envolvimentos com facções estão sob investigação. “Nossa equipe está trabalhando para identificar a vítima e verificar se ele possuía antecedentes criminais ou algum envolvimento em casos de violência sexual, como sugere o bilhete”, explicou o delegado.
O caso também levanta questões sobre o papel das facções criminosas em execuções motivadas por supostos “crimes de honra”. Há uma linha de investigação que considera o bilhete deixado como uma tentativa de “legitimar” a execução diante da comunidade local, prática que já foi verificada em outras partes do país onde facções se autodenominam “justiceiras” para impor uma ordem violenta, substituindo o sistema de justiça formal.
A Polícia Civil de Manaus reforçou a necessidade de que testemunhas colaborem com informações sobre o caso. Em regiões onde o controle de facções se intensifica, a relutância dos moradores em denunciar práticas criminosas acaba dificultando investigações e a implementação de medidas de segurança.
O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames mais detalhados, que poderão auxiliar na confirmação de sua identidade e oferecer mais indícios sobre as circunstâncias do crime. A DEHS segue com as investigações, procurando identificar não só os executores, mas também os mandantes e possíveis ligações da vítima com facções criminosas.
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Foto: Reprodução / Internet
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