A agricultura vertical surgiu como uma solução inovadora para superar os limites dos campos tradicionais, otimizando o uso do espaço disponível. Por meio do cultivo empilhado verticalmente, áreas de tamanho reduzido podem gerar uma quantidade significativamente maior de insumos, maximizando assim a eficiência produtiva em espaços limitados.
Uma das fazendas verticais mais conhecidas do mundo é a americana Aerofarms. A primeira unidade, na cidade de Ithaca, em Nova York, entrou em operação em 2004. Depois o negócio foi expandido para Newark, em Nova Jersey, e, em seguida, para Danville, na Virgínia.
“Utilizamos os mais recentes avanços em agricultura vertical indoor, inteligência artificial e biologia vegetal para solucionar o sistema alimentar, que está quebrado, e para melhorar a maneira como os produtos frescos são cultivados e distribuídos local e globalmente”, diz o manifesto da companhia.
David Rosenberg, um dos fundadores, declarou o seguinte para a revista “New Yorker” em 2017: “Estamos tão à frente de todos os outros nesta tecnologia que levará anos para o resto do mundo nos alcançar.”
No ano passado, porém, a companhia sofreu um baque a ponto de entrar, em junho, com um pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos. Em setembro, no entanto, anunciou a conclusão de seu processo de reestruturação e o fim da breve recuperação judicial. A empresa disse, então, que eliminou os gastos relacionados a todos os projetos que não contribuem para o aumento da produção da unidade em Danville. E que estava, portanto, caminhando em direção à lucratividade. “Como investidores dedicados à criação de uma cadeia de abastecimento global de alimentos mais sustentável, vemos as fazendas verticais como uma parte crítica da solução”, declarou, na época, Stephan Dolezalek, sócio da Grosvenor Food & AgTech (GFA).
Trata-se de uma das companhias que financiaram a Aerofarms, cujas hortaliças estão à venda, atualmente, em mais de 2.000 endereços nos Estados Unidos, incluindo as lojas da rede Whole Foods Market. A AeroFarms afirma que seu modelo de agricultura é até 390 vezes mais produtivoque o tradicional, além de utilizar um volume de água 95% menor, uma área 99% menor e nenhuma gota de pesticidas. Trata-se, portanto, de uma boa solução para um problema gigantesco que poderá tirar o sono da humanidade: estima-se que, até 2035, a produção global de alimentos deverá crescer 69% em função do aumento populacional.
Em janeiro, a companhia (e outras do gênero) se deparou com mais um revés: a Universidade de Michigan divulgou um estudo que afirma que a pegada de carbono de frutas e vegetais cultivados em fazendas e jardins urbanos é seis vezes maior do que a dos produtos colhidos nas fazendas tradicionais. Publicado pela revista “Nature Cities”, a pesquisa se debruçou sobre 73 fazendas e jardins urbanos em cinco países. Em média, os alimentos produzidos por meio da agricultura urbana contribuíram com a emissão de 0,42 quilogramas de CO2 (e os convencionais, com 0,07 quilogramas).
É preciso pesar, no entanto, todas as vantagens oferecidas pelas fazendas urbanas. A principal delas tem a ver com a localização. A Pink Farms, por exemplo, se encontra nos arredores dos estabelecimentos para os quais vende, o que se traduz em menos movimentação de caminhões — e, consequentemente, em menos emissão de poluentes. O modelo também contribui com o aumento de empregos em regiões urbanas, ao contrário das fazendas tradicionais. Na Vila Leopoldina, em São Paulo, a Pink Farms se apresenta como a maior fazenda vertical e urbana da América Latina. Ela ocupa um galpão de 600 metros quadrados com pé-direito de sete metros. É a mesma altura de suas duas torres de produção, que ocupam uma parte pequena do espaço.
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