Cantor Leonardo é incluído na “Lista Suja” do trabalho escravo, após operação em sua fazenda em Goiás

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Na manhã desta segunda-feira (7), o nome do cantor sertanejo Leonardo foi incluído na lista suja do trabalho escravo, documento elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para identificar empregadores flagrados submetendo trabalhadores a condições análogas à escravidão. O fato ganhou ampla repercussão após a divulgação da atualização do cadastro, que passou a expor irregularidades encontradas na Fazenda Talismã, propriedade do artista, localizada em Jussara, no noroeste de Goiás.

A fiscalização que motivou a inclusão do nome de Leonardo na lista ocorreu em junho deste ano. Na operação, auditores fiscais do trabalho resgataram seis trabalhadores submetidos a condições degradantes, sendo um deles um adolescente de 17 anos, que realizava atividades proibidas por lei. No total, 18 pessoas trabalhavam na fazenda, mas os auditores constataram que os seis resgatados enfrentavam as piores situações de trabalho.

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Condições precárias e irregularidades trabalhistas

De acordo com o relatório oficial divulgado pelo MTE, as irregularidades na Fazenda Talismã incluem a falta de registro formal de empregados, ausência de contratos de trabalho, e o não preenchimento das carteiras de trabalho, configurando vínculos informais. As condições de moradia oferecidas aos trabalhadores também foram destacadas como um dos fatores mais graves.

O documento revela que os trabalhadores estavam alojados em uma casa em ruínas, com o telhado danificado e infestado por morcegos, o que compromete sua saúde e segurança. Além disso, as instalações careciam de banheiros adequados e de acesso à água potável, e a alimentação era armazenada em locais insalubres. A ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs) para atividades laborais foi outro ponto crítico levantado pelos fiscais.

O adolescente de 17 anos, encontrado entre os trabalhadores, estava desempenhando funções proibidas para sua faixa etária, o que agravou a situação, uma vez que a legislação brasileira é rígida quanto ao trabalho de menores de idade em atividades de risco.

Ambiente insalubre na Fazenda Talismã, do cantor Leonardo. Foto: Divulgação / ND

Luxo e contradições na Fazenda Talismã

Contradizendo a realidade dos trabalhadores, a Fazenda Talismã é avaliada em R$ 60 milhões e é uma das mais valiosas propriedades do cantor. Com mil hectares de extensão, a fazenda se dedica à pecuária bovina, abrigando mais de cinco mil cabeças de gado, destinadas à recria, engorda e venda em leilões. O nome da fazenda faz alusão a um dos maiores sucessos da carreira da dupla Leandro & Leonardo, “Talismã”, de 1990, destacando a relação entre a propriedade e o legado artístico do cantor.

Apesar do cenário de opulência, as condições impostas aos trabalhadores contrastam de forma gritante com o luxo da fazenda, gerando grande indignação por parte do público e de fãs de Leonardo, que manifestaram perplexidade nas redes sociais.

Consequências da inclusão na “lista suja”

Estar na lista suja do trabalho escravo não é apenas um golpe na imagem de qualquer empregador, mas também implica sérias complicações legais e financeiras. Empresas e propriedades que figuram nesse cadastro ficam sujeitas a sanções severas, incluindo restrições no acesso a crédito junto a bancos públicos, além de possíveis multas e ações judiciais. O impacto sobre parcerias comerciais é igualmente significativo, já que muitas empresas buscam se dissociar de fornecedores que estejam envolvidos em práticas trabalhistas abusivas.

A inclusão do nome de Leonardo na lista suja traz à tona um debate sobre o papel de figuras públicas no cumprimento da legislação trabalhista, especialmente quando seus negócios envolvem trabalhadores vulneráveis. A expectativa é de que o caso passe a ser investigado mais a fundo pelas autoridades, o que pode resultar em desdobramentos jurídicos mais amplos.

O que é a lista suja do trabalho escravo

Criada como uma das principais ferramentas no combate ao trabalho escravo no Brasil, a lista suja é atualizada periodicamente pelo governo federal e tem como objetivo desestimular a prática de condições de trabalho degradantes. Empregadores que figuram na lista só podem ser retirados após um período de dois anos, desde que comprovem a regularização completa de suas práticas e o cumprimento de todas as obrigações trabalhistas.

O caso de Leonardo já provoca discussões nas esferas política e social, além de afetar sua carreira artística. O cantor ainda não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido, e sua equipe jurídica trabalha para avaliar possíveis ações de defesa.

Foto: Reprodução / Instagram

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