Consequências do apagão tecnológico global podem durar dias para serem resolvidos

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Especialistas em segurança cibernética estão alertando sobre os impactos indiretos da interrupção global de tecnologia que causou problemas em diversas regiões na sexta-feira, 19 de julho. Apesar de uma solução inicial ter sido implementada para resolver o problema imediato, o processo manual necessário para restaurar os computadores à normalidade ainda demandará bastante trabalho. Estima-se que levará dias para que grandes organizações com milhares de computadores retornem ao funcionamento completo.

A Europa foi a região mais afetada, com um caos significativo em comparação com a América do Norte e a América Latina. Técnicos identificaram que o problema surgiu ao reiniciar operações computacionais na manhã de sexta-feira. No Reino Unido, a interrupção afetou empresas, postos de saúde, farmácias e resultou em longas filas nos aeroportos devido ao cancelamento de milhares de voos, além de interromper a transmissão de alguns canais de TV.

A causa foi uma atualização da empresa de segurança cibernética CrowdStrike que fez os sistemas da Microsoft entrarem em “tela azul” e travarem. O software problemático foi enviado automaticamente aos clientes da CrowdStrike durante a noite, afetando muitos ao ligarem seus computadores pela manhã. Infelizmente, a correção não pode ser automatizada, exigindo uma intervenção manual conhecida como “dedos nos teclados”.

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Funcionários da United Airlines aguardam perto de um monitor de voos exibindo uma tela azul de erro, no Terminal C do Aeroporto Internacional de Newark, Nova Jersey REUTERS – Bing Guan

O especialista em TI Kevin Beaumont afirmou que os sistemas afetados precisam ser reiniciados no ‘Modo de Segurança’ para remover a atualização defeituosa, um processo que pode levar dias em larga escala. A Microsoft sugeriu a técnica de “desligar e ligar” como uma possível solução, mas alerta que várias tentativas podem ser necessárias.

A CrowdStrike, uma das maiores empresas de segurança cibernética do mundo, protege cerca de 24 mil clientes e centenas de milhares de computadores. A empresa confirmou que o problema não se trata de um ataque cibernético, mas sim de um defeito em uma atualização de sistema. A CrowdStrike está trabalhando ativamente para resolver o problema e recomenda que as organizações mantenham comunicação através de canais oficiais.

Empresas maiores, como a American Airlines, estão conseguindo resolver os problemas rapidamente devido aos seus amplos recursos de TI. No entanto, organizações menores e sem equipes dedicadas podem enfrentar dificuldades para voltar à normalidade.

Comparado ao ataque cibernético WannaCry de 2017, que afetou cerca de 300 mil computadores em 150 países, o incidente de sexta-feira parece ser um erro técnico e não um ataque intencional. Mesmo assim, as ações da CrowdStrike e da Microsoft caíram significativamente, assim como as de empresas do setor de turismo e viagens.

A CrowdStrike foi fundada em 2011 por George Kurtz e Dmitri Alperovitch e está listada na bolsa Nasdaq desde 2019. A empresa se especializa em proteger grandes corporações contra ataques cibernéticos e migração de dados para a nuvem. Em 2016, a CrowdStrike foi contratada pelo partido Democrata dos EUA para investigar uma falha na sua rede de computadores.

George Kurtz, CEO da CrowdStrike, pede desculpas por apagão cibernético global

George Kurtz, cofundador e presidente-executivo da CrowdStrike, empresa americana responsável por um apagão cibernético global nesta sexta-feira (19), expressou suas desculpas pelo incidente que afetou diversos serviços ao redor do mundo.

“Quero pedir desculpas sinceras a todos pela interrupção de hoje. Toda a equipe da CrowdStrike compreende a seriedade e o impacto da situação”, declarou Kurtz.

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George Kurtz pede desculpas pelo apagão tecnológico. Foto: Divulgação

O executivo explicou que a empresa identificou rapidamente o problema e implementou uma correção. “Estamos colaborando de perto com nossos clientes e parceiros afetados para assegurar que todos os sistemas sejam restaurados”, acrescentou.

As ações da CrowdStrike caíram mais de 11% no fechamento do mercado da Bolsa de Nova York nesta sexta-feira (19). As ações da Microsoft também sofreram uma queda de 0,9%. A atualização problemática foi enviada para sistemas operacionais Windows.

Segundo a revista Forbes, Kurtz possui um patrimônio de US$ 3,2 bilhões, aproximadamente R$ 18 bilhões. Ele detém 5% de participação na CrowdStrike, que abriu seu capital em 2019.

Formado em contabilidade pela Seton Hall University, Kurtz fundou a CrowdStrike em 2011 junto com Dmitri Alperovitch. A empresa, especializada em segurança cibernética baseada em nuvem, tem sede na Califórnia. Em 2016, a CrowdStrike foi contratada pelo Comitê Nacional Democrata (DNC) dos EUA para investigar o vazamento de e-mails internos.

Antes da CrowdStrike, Kurtz fundou a Foundstone em 1999, uma empresa de tecnologia e segurança que foi adquirida pela McAfee em 2004. Na McAfee, Kurtz ocupou cargos de destaque, incluindo diretor de tecnologia mundial, gerente geral e vice-presidente executivo.

Além de empresário, Kurtz é autor do livro “Hacking Exposed: Network Security Secrets & Solutions”, uma referência na área de segurança cibernética.

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