Cratera avança e força moradora a abandonar casa no Conjunto Canaranas, em Manaus

Uma cratera de grandes proporções voltou a causar pânico entre moradores da rua Ládario, no conjunto Canaranas, Zona Norte de Manaus, após as fortes chuvas desta quinta-feira (13). O deslizamento de terra agravou a situação de risco no local, onde residências estão à beira do desabamento. Diante da instabilidade do solo, a dona de casa Glenda Monteiro foi forçada a deixar sua casa, que foi oficialmente condenada pelas autoridades por risco iminente de colapso estrutural.

Segundo relatos de moradores, a erosão já havia sido denunciada desde dezembro de 2023, mas voltou a se agravar com as chuvas recentes. A força da água ampliou ainda mais o buraco que avança sobre as casas da parte superior do barranco e ameaça também as construções na parte inferior da encosta. “A gente dorme com medo. Toda vez que chove parece que o chão vai abrir debaixo da gente. É um barulho, uma sensação horrível”, declarou Glenda. Ela contou que a cratera engoliu a rua que separava sua casa do abismo, deixando a residência na iminência de desabar.

A situação se repete na casa vizinha, que apresenta rachaduras severas e inclinação da estrutura. “A gente não sabe se vai ter tempo de sair quando tudo desabar”, lamentou Glenda, que abandonou o imóvel por segurança.

Outra moradora afetada é a aposentada Mara Mafra, de 62 anos, que sofre de problemas cardíacos e precisou deixar a residência após a erosão atingir os fundos do imóvel. Ela foi acolhida por familiares, mas os filhos continuam na casa, que também apresenta danos visíveis. “O desespero é grande. Eu sou cardiopata. Qualquer hora eu posso morrer até do jeito que está aqui”, relatou, em tom de angústia.

Apesar da gravidade da situação, moradores denunciam que apenas cinco famílias receberam o auxílio-aluguel da Prefeitura de Manaus, deixando dezenas de outras em situação vulnerável. “A gente está num momento em que qualquer hora pode desabar. Não sabemos o que vão fazer com a gente”, criticou Mara.

A Defesa Civil Municipal informou que equipes foram enviadas para realizar a operação de resgate, avaliar os danos estruturais e efetuar interdições necessárias. Segundo a nota oficial da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg), foram realizados o isolamento da área e a retirada preventiva das famílias em risco. O auxílio-aluguel está sendo disponibilizado como parte da assistência emergencial.

O local já foi palco de tragédia em março deste ano, quando a líder comunitária Sammya Costa Maciel, de 45 anos, morreu soterrada durante um deslizamento de terra no mesmo barranco, enquanto tentava ajudar vizinhos. Outras cinco pessoas ficaram feridas e dez famílias foram desabrigadas na ocasião.

Entre setembro e outubro de 2025, equipes da Rede Amazônica estiveram no local em duas ocasiões distintas para registrar a gravidade do problema e os apelos da população. Apesar da presença de equipes da prefeitura realizando trabalhos topográficos e estudos para conter o avanço da erosão, ao menos três imóveis já foram identificados como vulneráveis.

De acordo com levantamento da própria Defesa Civil, Manaus possui atualmente cerca de 380 áreas classificadas como de alto risco geológico, colocando aproximadamente 112 mil pessoas sob ameaça constante de desastres naturais, como deslizamentos de terra e inundações.

A população do conjunto Canaranas cobra soluções definitivas, alegando negligência das autoridades diante de uma situação denunciada há quase um ano e que já resultou em morte, feridos e desabrigo. Até o momento, não há previsão oficial para obras de contenção e urbanização da área afetada.

(Fonte: G1 Amazonas)

(Foto: William Duarte/Rede Amazônica)

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