A turma de Moda Indigena de 2025 concluiu o primeiro módulo do curso livre de moda, dia 23/7, de produção de croquis autorais, com a professora de artes visuais Seanny Oliveira Munduruku, multiartista indígena, projeto contemplado pelo Edital 008, da Lei Aldir Blanc gerido pela prefeitura de Manaus por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura).
Esta é a terceira edição do curso com uma turma de 27 alunos, sendo formada de sete indígenas e 20 não indígenas. A turma é dividida em dois turnos, manhã e tarde. São todos jovens, estudantes e tem habilidade em costura como autodidatas. A carga horária total são de 100 horas divididas em 5 módulos. Os cursos acontecem aos sábados entre junho e novembro de 2025. Este é um curso livre para iniciantes em moda.
“Estão aprendendo o básico do que produzimos no nosso ateliê; a parte técnica da moda, como os desenhos de croqui (estilistas), modelagem (modelistas), corte e costura (costureiros) e pintura artística em tecidos”, explica a estilista Seanny Munduruku que tem o auxílio de Elisangela Oliveira.





Os materiais texteis a serem utilizados têm como como base o tecido de algodão cru; o couro de peixe e as pinturas artísticas são os destaques também.
Quanto a revelação de talentos durante o período de existência do projeto de MI Moda Indígena, desde 2022, a estilista conta que tem muita gente realmente boa que saiu de dentro do projeto. “A minha perspectiva para eles é que possam realmente levar a sério, se dedicar mais, ir para uma faculdade”, reflete. “E, principalmente, que eles possam interagir melhor, dar um retorno para as comunidades de onde vieram”. A estilista diz que sua expectativa maior é que sejam revelados grandes talentos, entre os alunos, e que mostrem à sociedade amazonense seu talento, e assim, ocupar esses espaços, com sua arte indígena e a rica cultura originária regional.
A advogada venezuelana, Darlyn Garcia, 30 anos, do povo Araguaco, do município de São Carlos de Rio Negro e Maroa que fica no estado venezuelano do Amazonas, é academica do curso de Moda da Universidade Católica André de Valeu (UCA), onde estuda a distância. Ela mora em Manaus há três anos, onde atua no núcleo de direitos humanos da ONG, Repan, venezuelana, para formar jovens. Darlyn conta que sempre gostou de moda, e diz que pensa em fazer um empreendimento, na Venezuela. “Como lá está muito difícil a situação econômica e política para ter financiamento, decidimos nós, as mulheres de comunidades remotas, poder desenvolver moda sustentável”, finaliza.
A estudante manauara de estética e cosmetica, Beatriz Laranjeira Barroso, do povo Kokoma, de 18 anos, também faz o curso técnico de segurança do trabalho pelo Instituto Federal da Amazônia (IFAM), conta que sempre teve interesse pela moda e participou ano passado da mostra indígena como modelo no desfile. “Eu vi que abriu o edital e eu me inscrevi e passei”. Ela diz que tem várias ideias em mente. “É na base cultural só da Amazônia, um negócio bem regional, e também, Universal”.
Exposição na Europa
Ao final desta edição será apresentado o resultado do curso em Manaus, com o local a definido entre novembro e dezembro.
“Iremos fazer o desfile de moda durante a Mostra Intercultural de Moda Indígena, edição pocket 2025, com o tema ‘Experiência Amazônica: Clãs Indígenas’”, informa Rebecca Ferreira, diretora executiva do projeto. E durante o evento será feita a cerimônia com entrega de certificados.
Rebeca informa que este ano, haverá uma exposição internacional com a participação de estilistas fixas da MI Moda Indígena na London Fashion Week e Milão Fashion Week.
(Fotos: Cristóvão Nonato. Texto: Cristóvão Nonato)
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