É o primeiro estudo que analisa o impacto do uso da tinta fria em escala e cenário real e a experiência tem o objetivo de reduzir a absorção de calor pelos materiais de construção e a subsequente libertação de calor para o ambiente urbano.
A equipe selecionou quatro edifícios retangulares que criaram dois quarteirões paralelos com ruas estreitas ladeadas por prédios e revestiu os telhados, paredes e pavimentos de ruas de metade dessa área industrial com tinta fria, deixando a área adjacente não revestida.
Recorrendo a sensores ambientais, os cientistas monitorizaram o movimento do ar, a temperatura da superfície e do ar, a humidade e a radiação ao longo de dois meses.
Depois de compararem os dados das duas áreas, descobriram que durante um ciclo de 24 horas a zona revestida com a tinta registava uma redução de até 30 por cento do calor libertado pelas superfícies construídas, correspondendo a 2º C mais frio na hora mais quente do dia, comparativamente com a zona não pintada.
Tinta fria no pavimento da rua
A tinta fria é então uma tecnologia refletora de calor para superfícies exteriores de edifícios. Este estudo permite traduzir em números os benefícios, nomeadamente em termos de aumento da sustentabilidade e mitigação do efeito de “ilha de calor urbano”.
Os ensaios sobre o uso de tinta para refrigerar o ambiente já foram feitos mas em modelo reduzidos. A nova experiência feita em espaço urbano real vem agora trazer mais dados sobre a eficácia do revestimento, sobretudo nos centros das cidades.
Os telhados com pintura fria refletiram 50 por cento mais luz solar e, como resultado, absorveram 40 por cento menos calor, durante o período mais quente de um dia de sol, em comparação com os telhados convencionais.
Colocação do revestimento no telhado para a experiência | NTU Singapura
O coautor Bing Feng, da NTU School of MAE, conclui que “o estudo mostrou que o revestimento de tinta fria na estrada ajudou significativamente a reduzir as temperaturas mais quentes no quarteirão pintado, confirmando que o revestimento de tinta fria pode ser um caminho promissor para tornar as áreas urbanas mais frescas e confortáveis, especialmente durante o tempo quente”.
O nível de conforto térmico foi medido através do Índice Universal de Clima Térmico – um indicador da sensação humana de temperatura exterior que tem em conta a temperatura, a humidade relativa, a radiação térmica e a velocidade do vento.
Desta forma os investigadores acreditam que as cidades que procuram uma forma rápida e não dispendiosa para combater os efeitos devastadores das ondas de calor, poderão recorrer a tinta fria.
Refrigeração urbana
Ao diminuir a quantidade de calor absorvido nos materiais de contrução, também pode tornar os edifícios mais frescos e reduzir a utilização de ar condicionado, acrescenta.
“Com o aquecimento global, as pessoas procurarão cada vez mais formas de se manterem frescas”, observa o investigador Wan Man Pun, da Escola de Engenharia Mecânica e Aeroespacial (MAE) da NTU.
Man Pun defende que “as descobertas do estudo não são relevantes apenas para cidades de Singapura, onde faz calor o ano todo, mas também para outras áreas urbanas por todo o mundo”.
“Esperamos que as descobertas do nosso estudo encorajem mais os administradores urbanos a adotarem revestimentos de pintura frios em superfícies construídas, em grande escala”, remata Feng.
A investigação, conduzida no verão passado, foi publicada na revista Sustainable Cities and Society mas os estudos sobre o uso da tinta exterior continuam. Vão agora centrar-se em perceber como e quanto tempo o revestimento de tinta fria permanece na área intervencionada para a experiência. (RTP)
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