Festival de Parintins 2024: costureiras e aderecistas resistem ao tempo e ganham cada vez mais notoriedade no espetáculo

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Milhares de figurinos cênicos e adereços são confeccionados por diversas mãos habilidosas. Costureiras e aderecistas dedicam horas nos galpões, cortando, alinhavando, costurando e finalizando cada peça. Com a proximidade do 57º Festival de Parintins, o trabalho é intenso e o talento e experiência desses profissionais se destacam.

Neste ano, o Festival de Parintins, que ocorre a 369 quilômetros de Manaus, chega à sua 57ª edição, promovido pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Comunicação e Economia Criativa. Realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho no Bumbódromo, o festival é um impulsionador da indústria cultural.

“O festival movimenta a cadeia produtiva da cultura. Além dos artistas, os trabalhadores dos bastidores são essenciais para a realização do evento. Costureiras, aderecistas, soldadores, serralheiros e diversos outros profissionais encontram, neste período, uma oportunidade de aumentar a renda familiar”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz.

Nos galpões, os postos de trabalho são também de confiança, especialmente no setor de costura, onde os figurinos cênicos são mantidos em sigilo absoluto. Nos galpões dos bois Caprichoso e Garantido, as equipes são formadas por mais de 10 costureiras, compondo o que se chama de trabalhadores da cultura, que durante a temporada bovina, reforçam suas rendas.

Silita, como é conhecida e gosta de ser chamada, tem 66 anos e se dedica à costura desde os 13 anos. “Há muitos anos trabalho no Caprichoso e gosto muito, faço com muito prazer, ainda mais para o meu boi”, disse. “Trabalho no horário de expediente, mas como sou idosa, saio mais cedo. É muito animado aqui e eu amo o que faço”, revela Silica, que se sente valorizada no mercado de trabalho, dividindo a costura de centenas de figurinos com costureiras de diferentes gerações.

Entre tantas mulheres, o costureiro Francisco Cruz continua o trabalho de alfaiataria do pai há mais de 30 anos no circuito bovino. “Meu pai era alfaiate do Caprichoso. Ele parou e eu segui na carreira”, disse. “Mesmo com tempo de estrada, fico muito emocionado quando vejo um dos figurinos que costurei na arena. Fico muito orgulhoso e emocionado de ver na arena o que costurei”, completa.

No galpão do Garantido, a arte da costura também acumula talentos e histórias de amor à cultura popular do boi-bumbá. Lucivone Santos, 43, lidera uma equipe de costureiras responsável por produzir os figurinos para as três noites do festival. “Trabalhava com meu esposo, que é artista. Montamos algumas peças que ficaram muito bonitas. O pessoal viu que o trabalho das costureiras ficava bonito nas tribos e a equipe foi formada”, lembra. “Nosso setor de costura tribal está sendo reconhecido. É com o que apresentamos na arena que muitas costureiras são chamadas para trabalhar em outras festas, inclusive em outros estados”, revela.

O aderecista Afonso Ucranio faz parte da equipe do Garantido. Com mais três pessoas, executa os projetos aprovados pela comissão de arte da agremiação. Para Afonso, o trabalho vai além do ofício. “Quem gosta e trabalha no ramo, entrega 100%. Tudo o que fazemos aqui é gratificante. Não vou dizer que é meu trabalho, é tudo do boi. Assim como no Carnaval, que só termina depois da linha amarela, também é o boi”, destaca Afonso.

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