A pressão exercida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o Banco Central reduza a taxa Selic tem deixado investidores cautelosos em relação às direções da autarquia. No início da semana, Lula afirmou que o próximo presidente da instituição “não se submeterá às pressões do mercado” e deverá contribuir para o crescimento do país. Nesta quinta-feira, 20, Lula voltou a criticar o Banco Central, lamentando a impossibilidade de remover o atual presidente, Roberto Campos Neto, antes do término de seu mandato, previsto para o final do ano. Apesar dos riscos, a consultoria internacional Gavekal Research considera que o medo é “exagerado”.
“A interferência política nos bancos centrais é sempre uma preocupação nos mercados emergentes. No entanto, o Copom demonstrou o contrário ao decidir por unanimidade manter a Selic em 10,5%, apesar da intensa pressão política para redução. Além disso, os quatro membros do Copom nomeados por Lula (incluindo Gabriel Galípolo, amplamente cotado para suceder Campos) minimizaram ativamente os rumores de divisões políticas”, afirma Udith Sikand, analista sênior de mercados emergentes da Gavekal Research, em relatório.
É importante lembrar que a última decisão do Copom foi dividida, com os quatro membros indicados por Lula votando pela continuidade dos cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.) e os cinco membros indicados pelo governo anterior votando por um corte de 0,25 p.p. Essa divisão gerou questionamentos sobre se o Banco Central será mais permissivo com a inflação a partir do próximo ano. Essa preocupação levou ao aumento das expectativas de inflação e à alta do dólar em relação ao real. No ano, a moeda americana subiu cerca de 10% no Brasil, colocando o real entre as moedas com pior desempenho no mundo.
“No mínimo, essa demonstração de unanimidade deve ajudar a acalmar as preocupações do mercado sobre a credibilidade do Banco Central na luta contra a inflação”, diz Sikand. No entanto, o analista destaca que, além das incertezas relacionadas ao Banco Central, a moeda brasileira também sofre com a deterioração das perspectivas fiscais.
Dólar ainda deve cair
Mas o analista aponta que as razões para a desvalorização do real vão além dos fatores internos. O enorme interesse de investidores por teses relacionadas à inteligência artificial, segundo ele, também tem impactado negativamente a moeda brasileira. “O mercado está com uma visão negativa sobre ativos cíclicos, e o Brasil pode ser considerado o país ‘cíclico’ por excelência. Contudo, como o desempenho inferior dos cíclicos se deve ao foco em inteligência artificial, e não a qualquer mudança no ambiente macro global, o revés é, em certa medida, exagerado.”
Embora considere exagerado o pessimismo do mercado em relação ao real, a Gavekal pontua que ainda é necessário um gatilho para que o real ganhe tração contra o dólar. “Um exemplo seria a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve.”
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