Judiciário Brasileiro e a crescente responsabilidade na questão climática

O Judiciário brasileiro tem assumido um papel cada vez mais ativo na questão climática e ambiental, refletindo uma tendência global de maior intervenção legal em matérias de sustentabilidade e proteção ambiental. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, destacou recentemente que os tribunais constitucionais ao redor do mundo estão adotando novas posturas em relação ao clima.

Barroso enfatizou que a proteção do meio ambiente é um direito fundamental, especialmente diante de tragédias como as queimadas no Canadá, as inundações no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia. Esses eventos dramáticos evidenciam a necessidade de uma resposta jurídica, pois o aquecimento global deixou de ser uma preocupação de nicho para se tornar um tema central nas discussões internacionais.

O ministro apontou que, inicialmente, o Judiciário via a questão climática como um assunto político, destinado ao Parlamento e ao Executivo. No entanto, essa percepção está mudando devido a três razões principais: a compreensão de que a proteção ambiental é um direito fundamental, a dificuldade da política em priorizar objetivos de longo prazo e a necessidade de zelar pelas próximas gerações, que não estão representadas nos parlamentos atuais.

Um caso emblemático dessa mudança é o julgamento do Caso Neubauer na Alemanha, onde a Justiça considerou inconstitucional a Lei Federal sobre Proteção Climática por impor um ônus excessivo às futuras gerações. Esse caso se baseou no conceito de justiça intergeracional, que defende o compromisso de cada geração em preservar condições mínimas de sustentabilidade para as seguintes.

No Brasil, Barroso ressaltou que o país pode e deve ser uma liderança global em matéria de mudança climática e proteção ambiental, dada a sua energia predominantemente limpa e a biodiversidade da Amazônia. Ele também mencionou a importância de ter planos contra o desmatamento da Amazônia, um ecossistema vital para o ciclo da água e a biodiversidade mundial.

Essas declarações foram feitas durante o J20, um encontro que reúne representantes das supremas cortes dos países do G20, e refletem um movimento crescente do Judiciário brasileiro em direção a uma maior responsabilidade e ação proativa em questões climáticas e ambientais.

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