No mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, a jornalista Izabella Camargo, que ajudou a popularizar o termo burnout no Brasil, se juntou a um time de especialistas para gravar cursos gratuitos com orientações de como líderes de RH podem identificar e interromper assédios que levam ao esgotamento físico e emocional.
No evento de lançamento do projeto, realizado quarta-feira (10/09), em parceria com o Zenklub, a Conexa e a Exame, a jornalista destacou o letramento da liderança como a principal ferramenta de combate a esses ciclos de violência no ambiente corporativo.
“O espaço de fala, conhecimento e naturalização do tema favorecem a prevenção e evitam casos emergenciais, como o burnout. Se o RH e a liderança, que são os agentes transformadores de uma organização, não têm letramento em saúde mental, não há solução”, disse a jornalista.
Burnout no Brasil
O Brasil é o segundo país com mais casos de burnout no mudo, com cerca de 30% dos trabalhadores diagnosticados com esgotamento físico e mental associado ao trabalho, ficando atrás apenas do Japão, que lidera com um índice de 70%.
Os dados do International Stress Management Association (ISMA) mostram a magnitude do problema e a importância de medidas preventivas e educacionais para que as organizações possam identificar sinais precoces e lidar de maneira empática, ética e responsável com essas demandas.
O papel do RH na cultura anti-burnout
Rui Brandão, médico e co-fundador do Zenklub, destacou que o foco do treinamento oferecido nos cursos é ampliar ferramentas, investimentos e estratégias para promover saúde e bem-estar no ambiente de trabalho.
“O RH é a primeira área de apoio nas demandas de saúde mental, mas também precisa assumir responsabilidades. Invistam em dados, mostrem como diversas taxas negativas, como turnover e baixa produtividade, estão ligadas a esse tema, levantem essa bandeira o ano inteiro para transformar a cultura e fazer mais pela vida” , disse Rui Brandão, co-fundador do Zenklub.
De acordo com o Ministério da Saúde, a melhor maneira de prevenir o Burnout, é criar estratégias para diminuir o estresse e a pressão no trabalho. Algumas dessas práticas incluem:
10 estratégias práticas para promover a saúde mental no trabalho
- Letramento sobre o tema
- Engajamento em Cultura
- Pesquisas de clima frequentes
- Acompanhamento próximo
- Direito à desconexão
- Flexibilidade
- Tolerância ao erro
- Entrevistas de desligamento
- Design organizacional
- Benefícios de saúde e bem-estar
Izabella Camargo ressaltou a importância do RH ajudar líderes a redesenharem o ambiente de trabalho para aliviar alguns colaboradores e tornar outros mais úteis.
“Precisamos sempre pesquisar a origem do problema e apoiar líderes na priorização de atividades, no cuidado e na conexão com as pessoas”, complementou Izabella.
6 tipos de assédio que podem causar burnout
O burnout pode ser favorecido por diversos tipos de assédio no ambiente corporativo, que contribuem para um clima de estresse crônico e esgotamento emocional. Entre os principais tipos, destacam-se:
Assédio Moral: é caracterizado por humilhações, intimidações e críticas constantes. Isso pode minar a autoestima do colaborador e gerar um estado contínuo de estresse. Exemplo: cobrar resultados de forma abusiva, humilhar um funcionário publicamente ou isolar socialmente um membro da equipe.
Assédio Psicológico: envolve manipulação e pressão emocional, causando um impacto profundo na saúde mental dos colaboradores. Comportamentos como depreciação contínua, controle excessivo e chantagem emocional podem criar um ambiente altamente tóxico.
Assédio Organizacional: refere-se a políticas ou práticas institucionais que promovem sobrecarga de trabalho, metas inatingíveis ou prazos impossíveis. Isso pode levar ao esgotamento, especialmente quando os colaboradores não recebem o suporte necessário para lidar com as demandas.
Assédio Vertical: ocorre quando há um abuso de poder hierárquico, em que gestores ou superiores usam sua posição para oprimir subordinados. A cobrança excessiva, controle rigoroso e a imposição de tarefas sem respeito às limitações humanas aumentam o risco de burnout.
Assédio Sexual: esse tipo de assédio pode criar um desgaste emocional insuportável, ansiedade e depressão.
Assédio Institucional ou Sistêmico: situações onde a cultura da empresa normaliza práticas abusivas, como jornadas excessivas, ausência de limites entre vida pessoal e profissional, metas desumanas e a falta de apoio para o equilíbrio emocional dos colaboradores.
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