Em uma megaoperação realizada nesta quarta-feira, 30 de outubro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a “Operação Barões do Arcanjo” com o objetivo de desarticular um esquema de tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 30 milhões nos últimos dois anos. A ação envolve mais de 150 agentes federais, que cumpriram 17 mandados de prisão preventiva e 47 mandados de busca e apreensão em várias cidades do Amazonas e de outros estados.
A operação acontece em Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, no Amazonas, e também em Alenquer (PA), Diadema (SP) e Boa Vista (RR). Em paralelo, medidas cautelares foram aplicadas para impedir que os investigados destruíssem provas ou continuassem movimentando valores. A Justiça Estadual do Amazonas autorizou o sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e apreensão de veículos dos alvos.
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Esquema milionário e uso de empresas de fachada
As investigações da PF apontam que empresários locais, em conjunto com traficantes, constituíram uma rede complexa de apoio logístico e financeiro para fomentar o tráfico de drogas. A análise de documentos financeiros e movimentações suspeitas revelou uma rede intrincada de empresas de fachada e laranjas, usada para lavar o dinheiro proveniente das atividades ilícitas.
Entre 2022 e 2024, essa estrutura teria movimentado mais de R$ 30 milhões. “As transações chamaram atenção pelo volume e frequência de operações atípicas. Identificamos uma rede estruturada que busca ocultar a origem do dinheiro sujo e reinvesti-lo na aquisição de bens de alto valor e no fortalecimento da rede criminosa”, informou o delegado responsável pela investigação, que prefere não ser identificado.
Ação em regiões estratégicas e apoio logístico
O foco da organização se estendia ao longo do Rio Negro, em áreas de difícil acesso e onde há limitada presença das autoridades de segurança. São Gabriel da Cachoeira, um dos focos da operação, é uma cidade-chave por sua localização próxima à tríplice fronteira com a Colômbia e a Venezuela. “Essas rotas facilitam o transporte de drogas e a entrada de armas ilegais no país, fortalecendo a rede criminosa com armamento sofisticado e controle sobre rotas importantes do tráfico”, explica o delegado.
A PF identificou que o esquema era gerido por núcleos distintos de atuação: empresários financiavam o tráfico, enquanto traficantes e “laranjas” realizavam a distribuição e operações de lavagem de dinheiro. Esse esquema era mantido em sigilo, com os envolvidos sendo escolhidos cuidadosamente para evitar ligações diretas entre os membros principais e a execução das operações ilícitas.
Impacto e reforço de fiscalização nas fronteiras
A operação da PF é vista como uma medida essencial para conter o avanço do crime organizado na região amazônica. Nos últimos anos, o uso de rotas alternativas por traficantes e o aumento do apoio de grupos econômicos ao crime têm aumentado os desafios para as autoridades. A PF acredita que, com a desarticulação dessa rede, será possível diminuir o fluxo de drogas e de armamento que entram no Brasil pelas fronteiras.
Para o delegado regional de combate ao crime organizado, o impacto da operação é significativo: “Estamos enviando uma mensagem clara aos envolvidos no tráfico e no financiamento dessas operações. Nosso objetivo é quebrar o ciclo de reinvestimento criminoso e reduzir a força do tráfico na região.”
Próximos passos e continuidade das investigações
Os presos foram levados para unidades da PF em Manaus, onde passarão por interrogatórios, e responderão pelos crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, e lavagem de dinheiro. Investigações adicionais visam identificar se há mais pessoas e recursos envolvidos.
A Operação Barões do Arcanjo é mais um exemplo de como o crime organizado tem tentado expandir suas atividades na região Norte, explorando as vulnerabilidades geográficas e a falta de fiscalização.
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Fotos: Divulgação / PF
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