Oito dias após os terremotos na Síria e na Turquia, o último balanço indica mais de 35 mil mortos nos dois países. Nesse domingo (12), a Organização das Nações Unidas (ONU) observou que o número de mortos poderá duplicar, pelo fato de milhares de pessoas permanecerem presas nos destroços dos prédios que desabaram. As rivalidades territoriais entre o governo sírio e os grupos rebeldes estão dificultando a ajuda humanitária.
A catástrofe causada pelos tremores – com magnitudes de 7.8 e 7.5 na escala Richter – deixou um quadro de destruição. De acordo com a agência France Presse, as autoridades turcas registram 31.643 mortes. Na Síria são confirmadas 3.581.
A ajuda humanitária e de resgate corre contra o tempo nas regiões afetadas, numa tentativa de salvar eventuais sobreviventes.
Diplomacia e conflitos
Confrontos entre grupos não identificados já fizeram com que as equipes de salvamento alemãs e o Exército austríaco suspendessem as operações na Turquia. Os serviços de busca alegam estar diante uma “situação de segurança cada vez mais difícil”.
Na Síria, a pressão se repete. O contexto de guerra civil no território afetado pela catástrofe, no noroeste do país, agrava a insegurança da ajuda vital.
A região é uma das que estão sob controle de forças rebeldes, especialmente do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que combate o regime do presidente Bashar al-Assad e conta com o apoio da Rússia e do Irã.
EUA
Os Estados Unidos (EUA) pediram aos adversários na Síria que concedam passagem imediata à assistência humanitária. “Toda a assistência humanitária deve ter permissão para passar por todos os pontos fronteiriços”, advertiu o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
O HTS disse que o grupo não permitiria ajuda procedente do lado sírio controlado pelo governo: “Não permitiremos que o regime tire vantagem da situação para mostrar que está ajudando”.
OMS
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, esteve durante o fim de semana na Síria e encontrou-se com Assad em Damasco.
“Assad está aberto a considerar pontos de acesso transfronteiriços adicionais para essa emergência”, afirmou à imprensa.
Tedros disse também que a OMS está à espera de luz verde das áreas controladas pelos rebeldes antes de a ajuda humanitária prosseguir e reiterou que vai acompanhar “fornecimentos médicos de emergência de cerca de 37 toneladas”.
O chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, que está na Turquia e deve visitar a Síria, disse à Sky News no sábado que vai pedir ao Conselho de Segurança para autorizar o acesso de ajuda por meio de mais duas passagens de fronteira, argumentando que há “um caso humanitário muito claro”.
No entanto, o governo sírio considera que as ajudas que cheguem pela fronteira sem sua aprovação representam violação da soberania.
A fronteira que divide a Turquia e a Armênia reabriu pela primeira vez, em 35 anos, para providenciar ajuda às vítimas. Cinco caminhões partiram da Armênia com alimentos.
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