O Rio Negro, que corta a capital amazonense, voltou a subir de forma significativa nos últimos dias, atingindo a marca de 12,40 metros nesta segunda-feira, 21 de outubro. O dado foi confirmado pelo monitoramento do Porto de Manaus, que acompanha diariamente o comportamento das águas na região. Em apenas nove dias, o rio subiu 29 centímetros, depois de registrar uma seca com cota mínima histórica de 12,11 metros no dia 9 de outubro.
Após alcançar esse nível crítico, o Negro manteve-se estabilizado por três dias, sem alterações perceptíveis em seu volume. No entanto, desde o dia 13, o rio passou a subir gradativamente, trazendo esperanças para os moradores e autoridades locais em meio à seca severa que assola o estado do Amazonas.
A situação é monitorada de perto, especialmente após o episódio de repiquete registrado no ano passado, um fenômeno em que o rio apresenta uma breve enchente antes de voltar a secar. Em 2023, o Negro começou a encher em 28 de outubro, mas o fenômeno durou poucos dias, com a vazante retornando em 8 de novembro. Na ocasião, o nível do rio subiu 52 centímetros durante dez dias, alcançando 12,96 metros antes de iniciar o ciclo de cheia permanente.
Leia também:
- Seca aumenta preços de alimentos em Manaus e no interior do estado;
- Encontro do Projeto Amazônia Revelada Em Manaus;
- Prefeitura de Manaus remove 195 mil toneladas de lixo dos rios em operação de transbordo;
Seca afeta mais de 800 mil pessoas
A seca deste ano tem sido uma das mais severas dos últimos tempos, e os impactos são sentidos em toda a região. De acordo com dados oficiais da Defesa Civil do Amazonas, mais de 800.400 pessoas foram diretamente afetadas pela descida das águas, o que inclui cerca de 200 mil famílias em situação de vulnerabilidade. Todos os municípios do estado estão em estado de emergência devido à estiagem, que tem prejudicado a navegabilidade dos rios, o abastecimento de água e o acesso a alimentos e medicamentos nas áreas mais isoladas.
Impactos ambientais e econômicos
Além de afetar diretamente a população, a seca no Amazonas tem causado impactos profundos no ecossistema local. A baixa dos rios prejudica a reprodução de espécies aquáticas e compromete a fauna e a flora da região, que dependem do ciclo regular de cheia e vazante para manter o equilíbrio do bioma amazônico.
A pesca, uma das principais atividades econômicas das comunidades ribeirinhas, também enfrenta dificuldades. Com o nível baixo dos rios, os peixes têm se tornado mais escassos, afetando a subsistência e o comércio local.
Outro setor que enfrenta prejuízos é o turismo. Conhecida por suas paisagens exuberantes e pela interação com a natureza, Manaus e arredores dependem do ciclo natural das águas para atrair turistas. O nível anormalmente baixo do rio compromete passeios como o encontro das águas e a visita a igarapés, que têm ficado cada vez mais inacessíveis.
Os especialistas afirmam que a expectativa é de que o nível das águas do Rio Negro continue a subir nos próximos dias, embora o ciclo de cheia, de fato, só deva começar de forma permanente em meados de novembro, seguindo o padrão dos últimos anos.
A Defesa Civil segue em alerta máximo, monitorando não apenas o nível dos rios, mas também os impactos socioeconômicos da seca. Programas de assistência, como distribuição de cestas básicas e atendimento médico emergencial, têm sido intensificados nas regiões mais afetadas.
Ajuda humanitária e ações do governo
Em resposta à crise, o governo estadual tem ampliado esforços para socorrer as famílias mais atingidas. Recentemente, foi anunciado um aumento nos repasses de recursos para os municípios em situação de emergência. Além disso, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil têm realizado operações de entrega de água potável, alimentos e medicamentos para comunidades ribeirinhas isoladas.
“Estamos lidando com uma situação extremamente delicada. É uma seca atípica, e precisamos coordenar os esforços de todas as esferas de governo para mitigar os efeitos dessa tragédia”, declarou o governador do Amazonas, Wilson Lima.
O aumento no nível das águas do Rio Negro, embora significativo, ainda está longe de representar o fim da seca severa que tem assolado o Amazonas. Com o estado em situação de emergência, as autoridades continuam em alerta, enquanto milhares de pessoas aguardam uma solução definitiva para enfrentar os desafios trazidos pela estiagem.
📲 Acompanhe o Igarapé News nas redes sociais.
Foto: Divulgação / Internet
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
USP volta ao topo do ranking em 2024 como melhor universidade da América Latina; veja lista
Fim da escala 6×1: entenda a proposta de redução da jornada de trabalho semanal
Atleta amazonense Wenderson Maia conquista ouro no jiu-jitsu no Pan Kids No-Gi
Atleta do programa ‘Manaus Olímpica’ conquista medalha internacional inédita no Sul-Americano de Natação
Rússia intensifica operações militares na fronteira; ofensiva inclui forças norte-coreanas
Seleção Brasileira se apresenta em Belém para os últimos jogos das eliminatórias do ano