A menos de três meses da entrada em vigor das primeiras obrigações práticas da reforma tributária, 72% das empresas brasileiras de médio e grande porte ainda não estão preparadas para adaptar seus processos internos às novas regras de arrecadação e declaração de tributos sobre o consumo. O dado consta em uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia V360, que consultou 355 companhias dos setores de varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia.
Segundo o levantamento, apenas 28,1% das empresas possuem um plano estruturado de adaptação à reforma tributária. Entre as demais, 33,2% ainda não iniciaram qualquer discussão interna sobre os impactos das mudanças, enquanto 38,6% estão apenas em fase inicial de diagnóstico. A maioria das empresas entrevistadas está sediada na Região Sudeste, representando 68,2% da amostra.
A primeira etapa da transição começa no dia 1º de janeiro de 2026, quando serão implementadas alíquotas de teste de 0,9% para a nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), gerida pela União, e de 0,1% para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), administrado por estados e municípios. As alterações tributárias substituirão gradualmente os atuais tributos sobre o consumo — PIS, Cofins, ICMS e ISS — até 2033. A extinção definitiva do PIS e Cofins está prevista para 2027, quando a CBS passará a ser cobrada em sua alíquota cheia, ainda a ser definida pelo Ministério da Fazenda.
Entre os principais desafios apontados pelas empresas está a adaptação dos sistemas fiscais, sobretudo no que se refere ao recebimento e conferência de notas fiscais, que passarão a contar com cerca de 200 novos campos para atender às exigências do novo modelo. De acordo com o estudo, muitas companhias concentram esforços apenas na emissão das notas, mas negligenciam o processo de ingresso fiscal — que compreende o recebimento, a conferência e o pagamento de fornecedores.
A V360 alerta que falhas nessa transição podem comprometer seriamente as operações, gerando bloqueios de faturamento, atrasos em pagamentos e desequilíbrios no fluxo de caixa. Empresas que não se adaptarem a tempo poderão ter suas atividades impactadas de forma significativa, uma vez que todo o processo passará a ser eletrônico e automatizado.
Outro ponto crítico identificado é a adoção das duplicatas escriturais — registros eletrônicos obrigatórios que comprovam transações comerciais. A pesquisa aponta que 32,7% das empresas ainda não iniciaram o processo de adaptação, 55,8% estão em fase preparatória e apenas 11,5% já operam com o sistema automatizado.
A falta de automação também é evidente na estrutura fiscal das organizações: 47,9% operam com processos parcialmente estruturados e baixa integração tecnológica, enquanto 13,1% ainda dependem de controles manuais. Apenas 38,9% utilizam sistemas integrados de gestão fiscal e conciliação eletrônica. Além disso, 67% das empresas não usam ferramentas específicas para validação automática de documentos fiscais, o que amplia os riscos de erros e inconsistências.
Os dados do levantamento indicam que parte considerável das empresas não incluiu os custos com adequação à reforma tributária nos orçamentos de 2025. Essa omissão pode pressionar a demanda por consultorias especializadas e sistemas de automação no fim do ano, elevando os custos e comprometendo a eficiência das adaptações.
A V360, responsável pelo estudo, é uma empresa especializada na automação de pagamentos corporativos e gestão eletrônica de notas fiscais, e alerta para a necessidade de as empresas acelerarem seus processos de modernização para evitar prejuízos operacionais e fiscais com a entrada em vigor do novo modelo tributário.
(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
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