Vídeos; Empresário delator do PCC é executado a tiros no aeroporto de Guarulhos

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A sexta-feira (8) foi marcada por uma cena de violência que chocou passageiros e funcionários do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do país. O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, conhecido por seu envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e por colaborar com o Ministério Público (MP) em uma investigação de lavagem de dinheiro e corrupção policial, foi executado a tiros no desembarque do Terminal 2. Outros três civis ficaram gravemente feridos no ataque, que está sendo tratado pela polícia como uma execução.

Segundo testemunhas e imagens de segurança, o ataque aconteceu quando um veículo Gol preto parou em frente ao terminal, próximo a um ônibus da Guarda Civil Metropolitana (GCM). De dentro do carro, ocupantes armados com fuzis abriram fogo contra Gritzbach, que havia desembarcado minutos antes. A ação foi rápida e precisa, evidenciando um planejamento cuidadoso, com a intenção de “queima de arquivo” contra o delator do PCC.

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Logo após o ataque, o Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o empresário não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Além de Gritzbach, outras três pessoas foram atingidas durante o tiroteio: dois motoristas de aplicativo e uma mulher que passava pela calçada. Os três foram socorridos em estado grave e levados para hospitais próximos, onde seguem internados.

A fuga dos atiradores também já está sendo investigada. Pouco depois do crime, o Gol preto utilizado no ataque foi encontrado abandonado em uma comunidade nas redondezas de Guarulhos. Dentro do veículo, as autoridades localizaram munições de fuzil e um colete à prova de balas. Perto do Hotel Pullman, próximo ao aeroporto, outro tiroteio foi registrado, mas ainda não se sabe se há relação com o ataque a Gritzbach.

Vídeo: Reprodução / X
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O empresário e os bastidores do crime organizado

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach era uma figura controversa. Envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro para o PCC, ele também era réu em processos que investigam o movimento de mais de R$ 30 milhões através de transações imobiliárias e postos de combustíveis, além de envolvimento com criptomoedas para ocultação de recursos do tráfico de drogas. Contudo, desde março deste ano, ele havia firmado um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público de São Paulo.

Em seu acordo, Gritzbach forneceu informações sobre operações ilícitas e a participação do PCC em redes de lavagem de dinheiro. Segundo informações, ele havia prestado depoimentos ao MP até 15 dias antes de sua morte, revelando detalhes e provas sobre as transações financeiras do grupo criminoso, além de indícios de corrupção envolvendo alguns policiais.

Além de suas atividades como delator, Gritzbach estava envolvido em desavenças internas com membros do PCC. O empresário teria ordenado a execução de dois integrantes da facção: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, apelidado de “Sem Sangue”. Ambos foram mortos em dezembro de 2021, e Gritzbach estava sendo processado por esses homicídios. Essas ações contribuíram para um aumento das tensões e da retaliação que culminou na sua morte.

Consequências e repercussão da morte de um delator

O assassinato de Gritzbach expõe os riscos enfrentados por aqueles que decidem colaborar com a Justiça em casos envolvendo organizações criminosas de grande porte. Sua colaboração premiada poderia revelar nomes de outros envolvidos em esquemas criminosos e de corrupção, o que torna ainda mais suspeita a execução no aeroporto, sugerindo que ele teria sido alvo de um acerto de contas planejado para evitar a continuação de suas revelações.

No MP, a morte de Gritzbach gerou questionamentos sobre a segurança de delatores, especialmente aqueles que colaboram em investigações de facções. Advogados e promotores ligados ao caso afirmam que a delação de Gritzbach tinha potencial para desmantelar parte das operações financeiras do PCC, o que possivelmente motivou a facção a impedir que ele continuasse a prestar informações.

O aeroporto de Guarulhos, local estratégico de entrada e saída do Brasil, jamais havia registrado uma execução pública com tamanha brutalidade. Para as autoridades, isso reflete a audácia do crime organizado, que não se intimida em realizar execuções à luz do dia, em locais movimentados e cercados por câmeras de segurança.

Investigação e medidas de segurança

A Polícia Civil de São Paulo trabalha agora para identificar todos os envolvidos no crime e entender a logística por trás da execução. A apreensão do veículo com munições e coletes pode fornecer pistas valiosas sobre os mandantes e executores. Equipes da inteligência da Polícia Militar e da Polícia Federal também foram mobilizadas para investigar as possíveis conexões entre o ataque e outras ações criminosas na região de Guarulhos.

Com a confirmação de que o crime teve como pano de fundo a atuação do PCC, as autoridades de segurança pública prometem endurecer as medidas de proteção a outros delatores e reforçar a segurança nas investigações de lavagem de dinheiro.

Impacto nas investigações sobre o PCC

A execução de Gritzbach levanta questões sobre a segurança de processos judiciais que dependem de colaborações premiadas para desvendar a atuação do PCC. Promotores agora enfrentam o desafio de garantir que delatores possam colaborar sem temer pela própria vida, além de preservar as provas fornecidas por Gritzbach para dar continuidade às investigações.

Em um cenário onde o crime organizado mostra cada vez mais sua capacidade de agir impunemente, a morte de Gritzbach expõe a realidade do sistema de segurança e justiça e traz à tona a necessidade de respostas rápidas e contundentes.

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Foto: Reprodução / X

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