Seca em Manaus: lixo e poluição nos igarapés ameaçam meio ambiente e saúde pública

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A capital amazonense enfrenta uma das piores secas dos últimos anos, revelando um problema crônico: o acúmulo de lixo nos igarapés. Com o nível do Rio Negro medindo 13,92 metros, quase dois metros abaixo da marca histórica de 12,70 metros registrada em 2023, a situação é alarmante.

A baixa do rio expôs toneladas de resíduos sólidos, resultando na formação de uma espuma branca nos igarapés, um sinal claro da poluição. “Isso é resultado da falta de saneamento básico e do lançamento de produtos, o que potencializa a formação dessas espumas”, explica o biólogo André Menezes.

A praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da cidade, foi fechada para banho devido ao baixo nível das águas e à poluição visível. A situação não é nova; em 2021, registros semelhantes foram feitos nos igarapés do Tarumã, na Zona Oeste. Atualmente, cerca de 700 toneladas de resíduos sólidos são retiradas mensalmente dos 33 igarapés da cidade.

O impacto ambiental é significativo. A combinação do baixo nível das águas e o acúmulo de lixo afeta não apenas os igarapés, mas também a fauna e a flora ao redor. “Colocar canalização e tubulação de residências dentro dos igarapés não é saneamento básico. Isso nos traz péssima qualidade de vida”, critica a ativista ambiental Eulália Vasques.

Manaus é a terceira pior cidade do país em termos de saneamento básico, de acordo com o Instituto Trata Brasil. A falta de infraestrutura adequada agrava a situação, colocando em risco a saúde pública e o meio ambiente.

No Tarumã Açu, a preocupação é avaliar até que ponto o meio ambiente consegue suportar essa carga de poluição. “Esperamos que essa bacia suporte toda essa carga, que vem do esgotamento sanitário da Zona Norte e Zona Oeste, ilegal nesse corpo hídrico”, alerta o ativista ambiental Jadson Maciel.

Em resposta à crise, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana intensificou suas ações, utilizando máquinas pesadas e botes para a coleta de resíduos. No entanto, especialistas afirmam que medidas mais robustas e permanentes são necessárias para resolver o problema a longo prazo.

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